Peleja entre gangues do Caravaggio

Em meados de 1891, chegou um pessoal meio sinistro, com muitas malas que eram repletas de vinhos e paus de mexer polenta. Como se isso já não fosse estranho, traziam, também, algo parecido com um barco que eles chamavam de gôndola. Tinham um grande apreço por aquilo que diziam tê-los salvado na fuga da Itália.

Instalaram-se rapidamente em barracas em meio ao mato ao lado de um rio, que batizaram como Rio Mãe Luzijine. Em pouco tempo, já haviam formado um vilarejo cheio de crianças alimentadas à base de polenta e queijo. Anos se passaram e os sinistros já tinham formado uma cidade com Hospital, Prefeitura e, claro, um açude no centro da cidade para guardar a gôndola. Com o tempo, deram o nome de Nova Vezene a cidade. Em 1901, foi criada a primeira cadeia de Nova Vezene, que, em pouco tempo, já estava lotada. Então, o rei e a rainha resolveram criar um vilarejo um pouco mais distante para os meliantes que só estavam presos porque achavam o nome Nova Vezene feio. Nesse outro vilarejo, poderiam colocar o nome que bem quisessem.

Quando chegaram ao novo vilarejo, logo, organizaram um baile funk com os sucessos da época. Em meio à festa, um dos organizadores mandou parar tudo porque tinha a ideia de um nome bom ”Vamos dar o nome de Caravagginus”, disse ele. O pessoal gostou e o baile continuou. Com o passar dos anos, Caravagginus tinha se tornado um grande vilarejo com várias empresas metalúrgicas líderes na fabricação de armas e facas.

Caravagginus se tornou uma vila tranquila, um lugar muito bom para criar os filhos. Claro, possuía seus conflitos, como todo grande vilarejo tem, e, no lugar, predominavam três gangues: a gangue Centrogenos, os Baixodromos e o temido Sanjosequiles. Eles viviam em constante disputa por território e poder e resolviam isso por meio de festas; quem fizesse uma festa melhor e que atraísse mais pessoas para seu território era o campeão da disputa. Os Centrogenos sempre levavam vantagem, pois, em seu território, havia o famoso Santuário de Caravagginus, que era muito frequentado por fiéis em maio quando acontecia uma grande festa.

Andando pelo vilarejo não se percebia tamanha rivalidade, mas era só parar em alguns bares que você encontrava chefes das máfias italianas que ficavam grande parte de seu tempo fumando charuto e comendo polenta frita. Eles usavam um dialeto que, na maioria das vezes, só eles entendiam, e que sempre tinha um “Dio” no final das frases.

Um dos fatos que chocou Caravagginus foi quando os Baixadromos viraram a Santa de Caravagginus que ficava no topo do santuário. Eles a colocaram de costas para o território Sanjosequiles, foi uma revolta tremenda! Os Centrogenos que se localizavam no meio das duas gangues ficaram com medo de ficar em meio ao fogo cruzado e resolveram abrir uma porta santa no santuário, que foi direcionada para os Sanjosequiles.Isso acalmou os ânimos no vilarejo.

Anos se passaram e Caravagginus cresceu. A rivalidade só aumentava, cada território tinha uma escola e um salão para festas, isso para que não acontecesse de se encontrarem. Os governantes do local procuravam dividir tudo; tudo que era feito em um território também era feito no outro, cada território exigiu que tivessem uma saída de emergência. O Sanjoseguiles saía para Nova Vezene, por uma estrada velha, os Centrogenos tinham duas saídas, pois ficava no meio dos conflitos, e, por fim, foi criada uma saída para Criciume outra para Nova Veneza, e os Baixodromos saíam pelo São Defendiles.

Assim, conseguiram se manter vivos, pois, com o passar dos anos, cada território tinha seu mercado, bares e empresas.

Até certo dia em que Caravagginus foi atacado e conheceu seu verdadeiro inimigo…

Um Comentário