Precisamos falar sobre Suicídio!

Falar sobre um tabu nunca é fácil, ainda mais quando se trata de um assunto tão delicado. O que se faz normalmente é varrer a sujeira para baixo do tapete e fingir que nada aconteceu, mas isso não resolve o problema. Com a chegada do Setembro Amarelo, é colocada em foco a prevenção ao suicídio, um tema de uma importância enorme e que deve ser debatido durante todo o ano.

Porém, já ouvi algumas vezes que falar sobre esse tema pode acabar piorando a situação, que saber que alguém cometeu esse ato pode dar coragem para quem está em dúvida. Isso ocorre quando se fala sobre isso da maneira errada, portanto para nós conseguirmos falar a respeito do assunto da maneira que deveria ser tratado, é importante esclarecer alguns pontos.

Para começarmos, trago uma frase muito usada: “Quem fala não faz”. O falar, fantasiar e as vezes até “brincar” sobre suicídio pode ser um pedido de socorro de uma pessoa e se, ao ser ignorado, não ser levado a sério ou até mesmo debochado, a pessoa se fecha e não toca mais no assunto. Falar é um sinal, ouçam. E se perceber que a situação é real, indique que a pessoa busque ajuda profissional, suicídio não é brincadeira.

Outra coisa muito falada é: “O suicida quer morrer”. Na realidade esta pessoa quer acabar com a dor que sente e nesses casos a dor é tão grande que o a única saída parece não sentir mais nada. Esse pensamento é algo distorcido, porém é o que atravessa a mente de muita gente. As vezes pode ser realmente difícil de achar a saída sozinho, por isso procurar ajuda é muito importante. Alguém que teve algum tipo de ideação ou tentativa está no seu extremo, não é uma situação que se constrói da noite pro dia. Assim como desfazer esse pensamento também não é, pensamentos como: “Logo logo isso passa”, “Isso aí é frescura”, “é falta de serviço”, contribuem para uma visão ainda mais negativa que o sujeito tem sobre si mesmo, portanto fica a dica, se não souber o que falar apenas ouça!

Se você tem pensamentos como: “Minha família iria ser mais feliz sem mim”, “Se eu morrer ninguém vai sentir minha falta”, “Eu só atrapalho a vida dos outros”, entre outros milhares de pensamentos assim, busque ajuda. Converse com alguém, exponha o que sente, e se deixe ser ajudado, pois o suicídio não acaba com a dor ele apenas passa ela para frente. Nós precisamos sim, falar sobre suicídio e precisamos falar agora!

Miguel Luiz Gava de Borba – Psicólogo Clínico, CRP 12/16049