Por uma Moda sem Padrões

O que é ser belo? Pergunta difícil, não? Até bem pouco tempo atrás, para ser considerado bonito era preciso se encaixar no padrão de beleza vigente, imposto pela indústria da moda e alimentado pela sociedade e, obviamente, por nós.

Rosto angelical, cabelos longos e encaracolados, olhos amendoados, lábios carnudos. Houve um tempo em que tudo isso era necessário para alguém ser considerado belo. Quem não tivesse tais características estava fora dos padrões, tanto para as passarelas, como para a vida real. E os tais padrões mudavam constantemente, assim como a busca para “atualizar-se”.

Fazendo um breve histórico, na antiguidade por exemplo, era considerada bela a mulher que tivesse muitas curvas. E isso perdurou por um longo tempo. Já na década de 60, a silhueta mais invejada era aquela livre de curvas, era preciso ser magra, iniciando assim a ditadura da magreza. Víamos modelos esqueléticas desfilando grandes marcas e impulsionando a corrida em busca do corpo e do rosto perfeitos. A ideia de pertencer a esse grupo seleto de mulheres causava muitas vezes frustrações, e o pior, colocava em risco a própria saúde. Infelizmente isso não está preso no passado.

Mas com o passar dos anos, a indústria da moda vem se redimindo e mostrando que a beleza é plural, quebrando paradigmas e dizendo adeus a antigos padrões de beleza, embora ainda tenha muito o que se fazer.

Ao invés de rostos angelicais, as passarelas e as revistas tem dado muito mais ênfase ao que é diferente e original, e é claro, a pessoas com características “comuns”. Prova disso é o grande número de modelos que não pertencem a antigos padrões estéticos e atualmente influenciam o mundo da moda. Características que antes eram vistas como “feias ou estranhas”, atualmente são vistas e admiradas como um diferencial. Sardas, cabelos raspados, visual andrógino, corpos curvilíneos:  é a vez da desconstrução dos padrões. E tudo isso, certamente e inconscientemente, influencia-nos a aceitarmos os nossos traços, as nossas características e particularidades, melhorando consideravelmente nossa relação com o espelho, com o outro e com o mundo.

O que fica disso tudo é que precisamos lembrar que padrões preestabelecidos roubam a nossa peculiaridade, tornando-nos iguais a todos. E que cada vez mais usemos a moda para manifestar nosso estilo e individualidade, sem jamais deixar que ela nos enquadre em antigos padrões.

Andreia Bortolin