Por que os CEOs de grandes empresas de tecnologia estão se manifestando contra a App Store da Apple?

O mundo da tecnologia anda às turras com a Apple. Mark Zuckerberg aponta para um “conflito de interesses”. Enquanto a Comissão Europeia investiga a App Store, o CEO da Epic foi além e levou a companhia à Suprema Corte americana. Até mesmo Elon Musk cogitou remover o Twitter da loja de aplicativos da Apple. Afinal, o que está acontecendo?

A Mordida da Maçã

A queda de braço entre a Apple e os aplicativos em sua loja é antiga. A App Store foi apresentada ao mundo em 2008, pelo então chefe executivo, Steve Jobs. No evento, Jobs deixou claro para os desenvolvedores que aquilo não era uma parceria comercial; o foco da empresa continua a ser a venda de smartphones e outros dispositivos móveis.

Entretanto, as taxas impostas sobre os aplicativos disponíveis na loja conta uma história diferente. Além disso, os usuários são impedidos de instalar quaisquer aplicativos sem utilizar a App Store, prática conhecida como “side loading”. Tim Cook, CEO da Apple, garante que esta medida garante a segurança e privacidade dos usuários, enquanto um grande número de desenvolvedores e legisladores consideram esta imposição abusiva.

Na União Europeia, legisladores planejam pressionar a companhia a permitir o side loading, através de uma lei chamada Digital Market Act (DMA, ou lei de mercado digital, em tradução livre). Tim Cook vê fatores positivos na nova lei, mas defende a exclusividade da App Store, alegando que “o Android tem 47 vezes mais malwares do que o iOS”. 

App Store e Cassinos Online

Enquanto usuários Android só ganharam recentemente a opção de baixar cassinos online e outros jogos de azar pela plataforma, a App Store sempre permitiu tais aplicativos. Entretanto, a companhia está enfrentando batalhas judiciais também nesta frente, sendo acusada de oferecer cassinos ilegais.

O jogo Jungle Runner 2K21, por exemplo, escondia um cassino online completo, para usuários na Turquia. Este cassino tinha até um método próprio de pagamento, o que é proibido pelas normas da App Store. Mesmo assim, ainda é possível encontrar opções seguras: confira os melhores jogos de cassino para iOS e Android.

Apple x Epic Games

Por que os CEOs de grandes empresas de tecnologia estão se manifestando contra a App Store da Apple?

Uma das batalhas judiciais mais notórias envolvendo a App Store começou quando Fortnite, da Epic Games, foi removido da App Store. A remoção do jogo mundialmente famoso, com mais de 350 milhões de contas ativas, ocorreu porque o jogo passou a oferecer um método independente de pagamento para itens do jogo. Então, a Epic Games moveu uma ação contra a companhia.

No entendimento da juíza Yvonne Gonzales Rogers, encarregada do caso, o afrouxamento das regras impostas pela Apple estimulariam uma competição positiva. Ainda assim, a juíza decidiu em favor da Apple contra a acusação de monopólio, alegando que “o sucesso não é ilegal”. No fim do processo, a Epic Games teve que pagar USD 6 milhões em royalties para a Apple.

Apple x Meta

Mark Zuckerberg é mais uma voz poderosa no coro dos descontentes. Para o CEO da Meta Platforms, a Apple tem controle demais sobre a experiência nos aplicativos. Mark Zuckerberg ainda acusa a companhia de reter a maior parte dos “lucros no ecossistema móvel”.

Em um mais duro, Zuckerberg disse ainda que a companhia da Maçã é menos altruísta do que parece, questionando o argumento de que as restrições seriam para proteger o usuário. Além de criticar a política de taxação da companhia sobre desenvolvedores, Mark Zuckerberg também reclama da plataforma VR/AR fechada da Apple, em contrário da Meta.

“Jardins Murados”

O termo é uma tradução do inglês “walled gardens”, que é um conceito utilizado por plataformas como Amazon, Facebook e Apple. Este conceito visa controlar o acesso do usuário a qualquer conteúdo através desta plataforma. No caso da Apple, a companhia faz isso garantindo que só ela tem o direito de disponibilizar conteúdo para os seus usuários.

Além disso, essa prática garante o monopólio sobre a coleta de dados dos usuários. Estes dados posteriormente são monetizados, usados em campanhas de marketing online. Mas, como isso funciona na prática?

Considere o Facebook, por exemplo. Nele, você recebe diversas informações sobre um determinado produto, sem precisar sair do aplicativo. Este tipo de acesso gera cookies que rastreiam o seu percurso online. Na próxima vez que a plataforma te oferecer algum produto, vai utilizar os dados gerados por estas transações, aumentando as chances de oferecer um produto que te interesse.

A Apple não é a única companhia a criar jardins murados; praticamente todas as plataformas e redes sociais fazem isso. O que está em questão é a prática de taxação dos aplicativos, que chega a cobrar 30% dos lucros de um aplicativo. Além disso, questiona-se a “altura” deste muro. Enquanto outras plataformas aceitam conteúdos externos, nada no sistema iOS escapa à sua política de taxação.