Conhecida internacionalmente como referência nas pesquisas em torno do transtorno depressivo, a professora e pesquisadora da Unesc Gislaine Zilli Réus está entre as selecionadas da American College of Neuropsychopharmacology (ACNP) para participar da reunião anual da organização, principal encontro de discussão sobre os avanços científicos da área.
Nesta semana, a pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) recebeu a notícia de que foi escolhida pelo Comitê de Educação e Treinamento como ganhadora da viagem para a reunião, marcada para dezembro no estado de Arizona, nos Estados Unidos. “Essa é uma oportunidade única voltada a jovens cientistas. Já havia enviado currículo e carta de indicação antes, mas nessa, que seria minha última oportunidade de concorrer de acordo com a idade limite, fui selecionada e estarei na reunião que envolve um seleto grupo de convidados e integrantes do Comitê”, explica.
Conforme Gislaine, todos os anos a ACNP seleciona cientistas no campo da neuropsicofarmacologia para receber o prêmio que oferece a oportunidade de participar do encontro e neste ano seu currículo esteve entre os selecionados. Ela representará a Unesc como única universidade brasileira selecionada. “Fico muito lisonjeada por estar entre os selecionados e já estou organizando minha agenda para estar lá nesta reunião presencialmente. É uma oportunidade única de aprender e se atualizar sobre nossa área de pesquisa e estar entre os principais cientistas de renome internacional”, pontua.
A conquista da pesquisadora foi recebida com orgulho na Universidade. Conforme a reitora da Unesc, Luciane Bisognin Ceretta, a premiação coroa ainda mais o aniversário de 20 anos do Laboratório de Psiquiatria Translacional, grupo do qual Gislaine faz parte. “Temos uma pesquisa forte e reconhecida internacionalmente porque contamos com excelentes profissionais, dedicados em estar sempre à frente. O destaque evidenciado pela American College of Neuropsychopharmacology nos orgulha e evidencia aquilo que não temos dúvidas: temos os melhores ao nosso lado”, salienta.
Conheça mais sobre a história da pesquisadora:
Formada em Ciências Biológicas também pela Instituição, Gislaine Zilli Réus mergulha fundo desde as primeiras fases da graduação no universo da pesquisa. No início as portas que se abriram foram para o estudo de minicompostagem.
Como primeira integrante da família por parte de pai e de mãe a buscar uma graduação, ela precisou segurar com unhas e dentes cada uma das oportunidades que surgiram nessa caminhada, literalmente, já que chegou a calcular com a mãe o valor do investimento nos estudos e fazer a escolha de comprar um carro apenas anos depois.
“Eu me imaginava pesquisando alguma coisa, fosse uma planta ou um princípio ativo que pudesse curar algo. Uma ideia distante, sem saber o que esperar. Isso não era comum para minha família. Sempre estudei em escola pública e não tinha contato com nada disso. Quando cheguei e vi a quantidade e a qualidade dos laboratórios que tinha aqui, via os professores dizendo que eram mestres e doutores, o que eu nem sabia que existia ou que significava, coloquei na cabeça que era isso que queria para minha vida”, relembra com emoção.
Tamanho foi o destaque da vida acadêmica de Gislaine que teve a oportunidade de ir direto ao doutorado. Engana-se quem pensa que o título de doutora seria o auge imaginado por ela. Na sequência vieram três pós-doutorados, sendo dois pela Unesc e um nos Estados Unidos, pela University of Texas Medical School at Houston. “Além disso, o estudo me abriu portas para ir para lugares como Itália, Coreia do Sul, Canadá e Alemanha para fazer palestras e participar de cursos, ao mesmo tempo que me faz ter contato com pesquisadores renomados de todo o mundo, algo jamais imaginado por mim lá no início”, acrescenta.
Nas pesquisas orientadas atualmente por Gislaine, natural de Içara, a depressão é o foco principal, segmentada pelo estudo de fatores genéticos e ambientais ligados à doença, assim como causas e outras doenças relacionadas. Mais recentemente, em 2020, a pesquisadora teve um projeto contemplado pelo edital do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e ao Ministério da Saúde para estudo de transtornos psiquiátricos relacionados à Covid, fato que lhe rendeu novamente destaque internacional.
“O que fazemos aqui são como tijolos que se somam a outros de todo o mundo e nos levam a conclusões e à evolução. É difícil descobrirmos algo completamente novo, mas, o estudo do cérebro em si e o impacto de outros fatores em seu funcionamento, é fascinante. Estamos contribuindo, de fato, para um entendimento e um tratamento cada vez mais efetivo dessa doença que afeta mais e mais pessoas a cada dia”, destaca.
Por Mayara Cardoso – Agecom