Não basta gostar, tem que saber gostar

Querer parecer normal é normal. Ah! Que maneira diferente de começar um texto?!? Gastamos tempo tentando criar o cenário perfeito, mas acabamos por não perceber que o tempo que se gasta tentando criar um cenário perfeito, é, justamente, o tempo a mais que fará o plano desmoronar. Um segundo a mais ou um segundo a menos e o encontro não aconteceu.

Melhor deixar tudo na conta do acaso? Melhor deixar o trabalho para o destino? Temos que pensar rápido para poupar tempo. Seja como for, a melhor alternativa é estar pronto. Razoável esta sugestão, né? Como em uma corrida, onde todos estão alinhados a espera do tiro inicial.
Prontos estamos, mas como será a corrida? As pessoas suavizam as coisas quando não possuem uma resposta razoavelmente aceitável.

Querer parecer normal é normal. Não digo que deveria ser normal, entretanto, as escolhas coletivas sugerem que sim. Ser diferente? Para que arriscar? O “método” comum funciona muy bien, gracias! Será?

Deveríamos dar uma chance ao desconhecido? Com uma boa dose de bom senso, acho que sim. Até acho que seria normal. Ahh! Normal, de novo essa palavra? Deixe-me tentar corrigir: trocar o modo de olhar, rever alguns conceitos – sem abrir mão dos princípios – ver além do observável.

Fácil falar, né? Bom, nem tudo precisa mudar. Um dia li que pinguins tem apenas um companheiro(a) durante a vida inteira. Eu gostava tanto de uma camisa que poderia usá-la por toda minha vida. Vestia ela (quase) todo dia. Foi uma pena o tecido não ter resistido aos danos do tempo.

Será que fui exigente demais? Deveria ter dado mais tempo para ela… Não basta gostar, tem que saber gostar, né? Dias atrás eu observava atentamente uma linda árvore. Calma! Não pense que eu fico olhando para árvores o tempo todo. Deixe-me explicar: plantei, reguei, dei os cuidados necessários, etc…

Ela cresceu e hoje é uma linda pitangueira. As crianças vem colher frutas e eu me vejo nelas. Interessante tu te ver segundo tua própria ótica, né? Vou explicar melhor: eu fazia o mesmo quando criança. Pulava o muro para colher frutas na casa dos vizinhos. Agora eu sei o que a gente pensa nesses momentos. Olhando para aquelas crianças eu me via – alguns anos atrás – tentando imaginar o que eu seria ( deveria ser) hoje. Singularidades que o senso comum tenta “tragar”.

Plantas, árvores, crianças, passado, futuro, normal, diferente… Evidentemente essas são metáforas que a gente acumula com o passar dos anos, enquanto elas ajudam a suavizar a falta de respostas. Naquele momento me ocorreu um turbilhão de pensamentos. Enquanto isso os meninos saboreavam deliciosas Pitangas.

Dizem que, hoje em dia, 1/3 dos bebês usam Smartphones antes mesmo de aprender a andar e a falar. E minhas Pitangas quem vai colher? Concorrência desleal? Smartphones e Pitangas? Normal ou diferente? Escolhas que nós mesmos fizemos e continuamos a fazer, e lá na frente (algumas vezes logo ali), sentiremos o “sabor”.

De repente um surto de realismo me trouxe até aqui. Acho que foram essas lembranças. Fazer o que, né? Passamos “um par” de tempo tentando ser normais, outro “par” tentando ser diferentes. Melhor seria agir naturalmente. Tudo bem, falar é fácil. Fazer não é tão simples assim, mas é necessário. Assim como é necessário plantar árvores e ter um Smartphone.