Os moinhos, quanta polenta…

Desde a pré-história o homem descobriu que os grãos eram bons para comer, mas, tinha uma dificuldade, muitos deles são duros e não se pode engolir a seco. Foi para resolver este problema que a humanidade começou a desenvolver técnicas para triturar os grãos, e assim surgiram as farinhas. Nova Veneza reconhecida como a capital mundial da Polenta pelo projeto Bauco Ma No Tanto que reverencia a comida típica dos imigrantes italianos que, hoje sustenta um significativo turismo gastronômico que rendeu o titulo de capital catarinense da gastronomia típica, e está em processo de receber o elevado titulo de capital nacional da comida típica italiana. Nova Veneza mantém muita de suas tradições, e a polenta que feita de farinha e o alimento que nos identifica.

Por muito e muito tempo uma parte do alimento vinham de pilas “pilão” (Objeto feito em tronco de madeira, com uma abertura, utilizado para triturar ou descascar alimentos e obter uma mistura homogênea; vem acompanhado de uma mão de pilão). Depois surgiram os moinhos de pedra movidos a água, através de uma roda que faz girar um eixo na posição horizontal, e este movimento faz girar engrenagens aumentando a rotação. Depois o homem aperfeiçoou e desenvolveu as turbinas, que tem palhetas na ponta de um eixo na posição vertical dentro de caixa que recebe água corrente, ou seja, em movimento por gravidade.  O moinho é composto por duas pedras, em nossa região elas são feitas de granitos. As pedras sendo em 360 graus: uma inferior que permanece fixa, a outra superior, gira assentada na inferior através do eixo.

O mecanismo: Os grãos de milho estão depositados em uma caixa de madeira acima das pedras, que tem uma palheta flexível entre a caixa e a pedra superior, com o movimento da pedra ela faz um leve atrito, fazendo com que os grãos lentamente caiem nas pedras por uma regulagem de volume. O que faz moer é o atrito entre as duas pedras, e fendas fazem escoar a farinha. Há um espaço entre as rodas (pedras), que manejado, se regula a espessura que se quer da moagem. As rodas de pedras serviram para o grande avanço da humanidade.

Com a criação dos motores elétricos e a expansão das redes de energia, os moinhos passaram a ser movidos pela corrente elétrica. Em nossa região sul catarinense até poucos anos existiam muitos moinhos movidos a água. Eles eram próximos aos rios que através de um canal de desvios de água foi pelas mãos do homem até o moinho. Com as grandes enchentes de 1974 e 1995 em nossa região, quase na totalidade os moinhos foram destruídos, permanecendo poucos. Pela pesquisa sobre os moinhos do sul de Santa Catarina que estou fazendo, Nova Veneza já teve mais de trinta moinhos, também conhecidos por atafonas ou tafona. Meus saudosos pais Laudelino Gava e Olivia Coral Gava também tinham “tafona”, hoje onde está a agência da Caixa Econômica Federal. Passei parte da minha infância dentro de uma atafona.

Os moinhos, quanta polenta...
Nova Veneza consome e produz muita farinha de milho, são vários moinhos em atividade, entre eles, está o moinho da família Marini, que está no Bairro Elisa, apenas mil metros ao oeste do centro de Nova Veneza.

Desde 1984 o senhor Paulo Marini de 71 anos e sua esposa Aurora Marini tem uma “tafona” movida a eletricidade em plena atividade. Hoje administrada pelo filho Paulo César Marini de 45 anos e sua esposa Lissandra Fontana Marini de 40 anos. Com  as novas leis de fiscalização da vigilância sanitária, os moinhos também tiveram que se equacionar nos padrões de higiene, informação nutricional e código de barra para ser comercializados nos supermercados e  feiras. O produto está agregado com o selo de qualidade da Cooperativa de Produção Agroindustrial Familiar de Nova Veneza (Coofanove). A Marini produz entorno de 350 quilogramas diário e abastecem 80% da rede gastronômica, supermercados de Nova Veneza, Criciúma, Cocal do Sul e feiras de Florianópolis.

Mas, algumas famílias de agricultores neovenezianos levam o seu próprio milho para moer, e muitas vezes a moagem é paga de uma forma antiga, ou seja, paga em percentual de farina, ou seja, ex: deixa 10 quilos para moer e leva 80% da farinha, ou, paga entorno de R$1.00 por quilo moído. Segundo Paulo o moinho ajuda 50% da renda familiar.

Existem vários moinhos em atividades no município de Nova Veneza. Outra atafona está bem na divisa entre Nova Veneza e Sierópolis na localidade de Santo Antonio, que pertence ao Senhor Edson Antonio Ghisleri com nome de “Farinha de Milho Di Venezia.

Os moinhos, quanta polenta...
Edson picotando a pedra de moinho para aumentar o atrito da moagem.

Os moinhos, quanta polenta...
Os moinhos, quanta polenta...

Os moinhos, quanta polenta...
O projeto Bauco Ma No Tanto está cadastrando todas atafonas/moinhos desde os municípios de Passo de Torres até Tubarão. O projeto está organizando um museu denominado Museu das Pedras de Moinhos. O acervo do projeto possui dezenas de jogos de pedras de diversos tipos de moinhos, com pedras da nossa região, algumas de Portugal e um jogo de pedras da Itália que fora trazida pelos nossos imigrantes italianos.  O Museu será na Colonia Del Bauco na localidade de São José que fica 3 quilômetros ao oeste do centro de Nova Veneza.