Novas pesquisas indicam que jogos mentais como aplicativos de treinamento cerebral podem ajudar a melhorar a memória e reduzir o risco de demência.
Juntá-los a outros fatores, como esportes mentais e atividades cardiovasculares, podem ser a chave para uma boa saúde mental.
Uma das novas pesquisas foi realizada na famosa Universidade de Cambridge e descobriu que os jogos melhoraram a função cerebral daqueles com problemas iniciais de memória. Os participantes receberam um iPad com um aplicativo em que tinham que colocar diferentes padrões em seus lugares corretos para ganhar moedas de ouro.
A pesquisa contou com 42 pacientes acima de 45 anos com comprometimento cognitivo leve amnéstico, que pode ser um precursor ou sinal de alerta de demência. Durante um mês, metade dos participantes jogou durante duas horas por semana e metade consistiu em um grupo de controle que não realizou qualquer atividade.
Os resultados, que foram publicados no renomado International Journal of Neuropsychopharmacology, mostraram que aqueles que jogaram experimentaram uma melhora de aproximadamente 40% em sua memória episódica, responsável pela recordação de situações.
Outros estudos também indicam que esses aplicativos de jogos considerados cerebrais também podem ajudam a desenvolver o pensamento crítico, melhorar a memória e aumentar a percepção visual dos jogadores.
Os resultados variam entre as pesquisas, mas a maioria delas indica que apenas algumas horas de prática por semana já são suficientes para alcançar os benefícios mentais desejados.
A ideia de utilizar jogos e esportes mentais para treinar a mente não é particularmente nova e já conta com uma extensa literatura médica. O poker, por exemplo, é recomendado há anos como um excelente exercício mental para todos.
Diversos estudos comprovam que esse esporte auxilia na neuroplasticidade — habilidade do cérebro responsável por aprender e se aprimorar com novas experiências. Além disso, sua prática constante também pode melhorar de maneira significativa a concentração e aumentar o raciocínio lógico.
O blackjack, um jogo de cartas centenário, também pode aumentar a capacidade mental dos seus jogadores e proporcionar diversos benefícios neurológicos, especialmente aqueles ligados a capacidade de memória.
Isso se deve ao fato de que uma partida envolve acompanhar a proporção de cartas altas para baixas que permanecem no baralho ao longo de um curso de mãos, o que requer boas doses de matemática e memorização.
Uma pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine afirmou que praticantes de diversas modalidades de cartas com mais de 75 anos têm uma probabilidade menor de desenvolver certos tipos de doenças neurológicas do que idosos que não possuem este hábito.
Outra maneira cientificamente comprovada de manter o cérebro ativo e ampliar suas capacidades é o exercício aeróbico. Ao estimular a aptidão cardiovascular e a circulação sanguínea, a atividade física nutre o cérebro com os nutrientes e o oxigênio de que ele precisa para ter um desempenho físico e cognitivo melhor.
O incremento da circulação estimula a comunicação mais eficiente entre os neurônios e também aumenta a produção e a liberação de neurotransmissores, além de uma série de outros benefícios mentais.
Diversas pesquisas mostram que diferentes regiões do cérebro se beneficiam da realização de exercícios. É o caso do lobo frontal, responsável por processos complexos como realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo, que fica mais eficiente após atividades cardiovasculares.
A maioria dos institutos de pesquisa recomendam que todos os adultos realizem pelo menos duas horas de exercícios aeróbicos de intensidade moderada por semana. Essa média pode ser alcançada através de corrida, caminhada ou treinos de academia, que podem facilmente ser otimizados para melhores resultados.
Envolver o cérebro de maneiras complexas é absolutamente necessário para manter a mente afiada e saudável. A prática constante de jogos e esportes mentais aliadas a realização de exercícios é uma das melhores formas de fazer isso para todas as idades e pode até mesmo ser considerada essencial para a saúde mental a longo prazo.