Tá fazendo o quê, agora?

A maior parte de nossas vidas passamos trabalhando, ainda na juventude sentimos a necessidade de arranjar um emprego para prover nosso sustento e/ou da família. Nós mulheres além de trabalhar fora precisamos dar “conta” dos afazeres domésticos, a famosa dupla jornada. É uma correria danada!

Um dia chega a hora de se aposentar, momento esperado a vida inteira. Segundo pesquisa é uma fase da vida que necessita de preparo psicológico, sabiam que existe até curso para se preparar para a aposentadoria? Pois então, eu sei como é delicado esse momento de parar.

Porém, o que mais me incomoda são as pessoas me perguntando o que estou fazendo agora. Perguntam por exemplo: você está caminhando? Está indo na academia? Está participando de algum serviço de voluntariados? Já se colocou à disposição da igreja para prestar algum tipo de trabalho? Tem viajado muito? Etc.

Gente, estas perguntas estão enchendo minha paciência! Será que os aposentados não podem simplesmente parar? Depois de prestarmos conta durante trinta, trinta e cinco anos para um patrão, ainda somos obrigados a dar satisfação do que estamos fazendo agora? Só porque não temos mais compromisso de trabalho, aquele com horários e todas as suas obrigações, faz-se necessário assumir novos compromissos?

Concordo que é saudável fazer atividades físicas, passear bastante, procurar ocupar o tempo com atividades prazerosas e tudo mais. Mas, por outro lado, devemos fazer porque queremos e não para dar uma resposta à sociedade, e tudo ao nosso tempo e não dos outros.

Eu não quero fazer absolutamente nada, não quero compromisso no momento. Na verdade ainda não decidi o que quero fazer, tenho tanto tempo ocioso que não decidi o que fazer com ele.  Estou pensando, analisando as possibilidades, buscando não ser escrava do horário novamente e deixando a vida correr. Estou me dando o luxo de sentir preguiça, de praticar o “nadismo” como dizia minha colega de trabalho Bete.

Ainda hoje meu filho me perguntou:

– Mãe, porque a senhora e o pai não acordam cedo e vão caminhar?

Olhei pra ele e simplesmente disse:

– Porque não quero.