PARTE I
De Verona – Itália, a Santa Catarina – Brasil
FIORAVANTE VALENTINO FERRO, UM ITALIANO NO BRASIL
Fioravante, italiano, nasce em 1910, aos onze dias do mês de abril, em Soave – Verona, filho de Cirillo Ferro e Maria Nalbi Ferro, num dia ensolarado, mas ainda frio, de início de primavera. O murmurar dos riachos, aumentando de volume pelo início do degelo, torna-se melodia, unindo-se ao choro do pequeno e louro Fioravante.
Em 1958, chega ao Brasil, passando no mesmo ano a integrar o Corpo de Professores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Santa Catarina, em Florianópolis, assumindo a disciplina de Língua e Literatura Italianas e, em seguida, passando a lecionar também História da Arte, tornando-se Professor Catedrático nas duas disciplinas. Graduado em Filosofia e Teologia, era detentor dos títulos de Doutor e Livre Docente. Em 1962, adquiriu a cidadania brasileira. Sua matrícula na Universidade Federal de Santa Catarina tem o número 267.
É Professor Fundador da Universidade Federal de Santa Catarina. Sua participação forte e elevada na organização e no desenvolvimento da instituição levou o Conselho Universitário a lhe conferir o Título de Professor Emérito da UFSC, honra concedida, até hoje, a pouquíssimos docentes.
Participou da implantação dos primeiros programas de pós-graduação da UFSC, em diversas áreas, com intensa atividade acadêmica, atuando diretamente na formação e na preparação de Livres-Docentes da área de Letras, o que permitiu ao Centro de Comunicação e Expressão da UFSC realizar uma caminhada que o tornou hoje um Centro pujante e de alta inserção na ciência da comunicação e nas artes.
Casou com Lydia Semenow , natural de Canoinhas – SC, também professora na mesma Faculdade , onde se conheceram em 1961. Tiveram dois filhos, Humberto Fioravante e Alexandra Francesca. Unidos em matrimônio, projetam e constroem sua morada, uma casa, à qual deram o nome de Villa Bellosguardo, localizada num promontório junto à Baía Sul da Ilha de Santa Catarina, num local denominado de Penhasco, próximo ao Saco dos Limões. A Villa, com três pavimentos, tem no térreo o atelier do artista Fioravante, onde criava as esculturas e as pinturas e estavam instalados modernos equipamentos para trabalhos em cerâmica.
Na Biblioteca, digna de dois filósofos, Fioravante redigia seus livros.
Em 1967, publica o livro de poesia Gràfico Impercettìbile – Gráfico Imperceptível, em edição bilíngue e, em 1969, GRAMMATICA ITALIANA – Testo Italiano Portoghese, com ampla repercussão nos meios intelectuais catarinenses.
São de sua autoria, também, em diversos formatos gráficos:
. IN MEI PATRIS MEMORIAM (Prosa e Versos)
. NULLA POSSIEDO (Versos)
. LE SETTE PAROLE DI GESU IN CROCE (Versos para música)
. I PROVERBI DE JACOPONE DA TODI
. SERVITORI COM E SENZA LIVREA (Arte)
. LINGUAGEM E POESIA DAS ARTES FIGURATIVAS
. IN MEMORIAM DI M. L. KING e di J.F.KENNEDY (Versos).
Fioravante, brasileiro, falece aos nove dias do mês de agosto de 1989 em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil, estando sepultado no Cemitério Municipal São Francisco de Assis, desta cidade, num mausoléu por ele mesmo projetado.
Redigido pelo Professor Antonio Cesar Becker, neste Estado dedicado à
Santa Catarina de Alexandria, aos dois de dezembro de 2015.
PARTE II
A RELAÇÃO DO PROFESSOR FIORAVANTE VALENTINO FERRO COM NOVA VENEZA
O Padre Michele Giacca, “italiano, natural de Busca, na província de Cuneo, região do Piemonte, onde nasceu em 13 de julho de l878. Chegou à Nova Veneza em fevereiro de 1909. Tinha, então, 31 anos de idade e quase oito de sacerdócio. Foi uma pessoa de grande energia e muito trabalho. Inicialmente, ele exerceu a função de Capelão Cura de Nova Veneza, que compreendia a região que vai de Meleiro até Urussanga e que ele percorria, constantemente, a cavalo, através das picadas, nas encostas dos rios, no meio da mata virgem. Em 1912, o curato foi elevado à categoria de paróquia, desmembrada de Urussanga. Dedicou-se integralmente à Colônia de Nova Veneza, sendo responsável por significativas obras, voltadas ao bem-estar espiritual e material dos imigrantes e de suas famílias. Mostrou-se um homem carismático. Faleceu em 5 de março de 1945, aos 67 anos de idade (36 dos quais passados em Nova Veneza) e após longo período de sofrimento, causado por uma perna fraturada em sua casa e, posteriormente, em função de um acidente com seu cavalo”.
Também na obra “História de Nova Veneza”, 2ª edição de 2012, do neoveneziano Zulmar Hélio Bortolotto, encontramos o seguinte registro: “O primeiro médico a estabelecer-se em Nova Veneza, de forma definitiva e com o objetivo de exercer a medicina, foi o Doutor Carlo Gorini. Nasceu no vilarejo de Zinasco, na Lombardia, norte da Itália, no dia 19 de maio de 1875. Em 1895, com 20 anos, ingressou na Faculdade de Medicina da Real Universidade de Pavia, na Lombardia, laureando-se em 1900. A convite da comunidade, estabeleceu-se em Nova Veneza. Em 1922, chegaram da Itália sua mulher Giuseppina, já formada em obstetrícia, a irmã dela Giacinta, e os dois filhos do casal, Mário e Dino. O Doutor Carlo Gorini faleceu aos 76 anos de idade, no dia 28 de agosto de 1951, em Nova Veneza. Além de suas atividades como médico, o Dr. Carlo ocupou-se da alfabetização das crianças de Nova Veneza, mandando vir da Itália cartilhas e livros de história, literatura, matemática e ciências”.
Ambos estão sepultados no Cemitério Municipal de Nova Veneza.
Muito queridos em Nova Veneza, o Doutor Carlo Gorini e o Padre Michele Giacca mereceram do seu povo as homenagens que se concretizaram em busto de bronze e em nome de ruas. Os bustos, o do Doutor Carlo Gorini está localizado na Praça Humberto Bortoluzzi e o outro, do Padre Michele Giacca, no Largo Dom Jaime de Barros Câmara, junto à Igreja Matriz São Marcos.
Os bustos foram encomendados e instalados na administração do Prefeito Municipal de Nova Veneza, Aquilino Luiz Cirimbelli, gestão 1964-68.
Por recomendação do Escritório Catarinense dos Municípios, sediado em Florianópolis, foi indicado para executá-los o Professor Fioravante Valentino Ferro.
Já se passaram 50 anos! Era a época do “cruzeiro”. Pelos dois bustos, em gesso, foram pagos ao escultor Cr$ 150.200,00 (Leis municipais números 76 e 85, de 1965). Pela fundição em bronze, Cr$ 600.000,00 (Lei municipal nº 86/1965). Esta última etapa foi executada pela Metalúrgica de Abramo Eberle, em Caxias do Sul – RS.
Pelo parentesco do Professor Antonio Carlos Becker com o conceituado escultor, pedimos-lhe que fizesse esse registro biográfico (Parte I), para os anais da nossa história. Somos-lhe imensamente gratos.
Meus cumprimentos por sua tão linda informação sobre o Padre Michelle Giacca e o Dr.Carlos Gorini ,com os quais convivi na minha infância ; e conhecer por ela o Escultor Fioravante Valentino Ferro ,tão competente professor.Parabéns
Aprendemos com nossos pais e com Cícero que “Nenhum dever é mais importante do que a gratidão”. Acrescenta, o Imperador Romano: ” A gratidão não é somente a maior das virtudes; é, também, mãe de todas as outras”. Cumprimos o dever da gratidão, ao homenagearmos os primeiros médicos “da alma e do corpo”, que deixaram o conforto da Europa para dar assistência aos nossos imigrantes e a seus familiares, na Colônia de Nova Veneza, que recém se instalara.
Aprendemos com Cícero que a gratidão não é só uma virtude, mas um dever. Feliz da sociedade que sabe dar valor, sabe reconhecer personalidades, como o médico Dr. Carlo Gorini e o homem de Deus, Cônego Michele Giacca, que deixaram o conforto da Europa para dar sua vida pelos imigrantes e seus descendentes. Nossa eterna gratidão.
Segundo Cícero, gratidão não é só uma virtude, mas um dever. Dr. Carlo Gorini e Pe. Michele Giacca, duas significativas personalidades da nossa história.