A Psicologia e o Luto

Apesar de ser o acontecimento mais comum da humanidade, a morte ainda é tratada como tabu na grande maioria das sociedades. Um evento de pura tristeza e dor, mas envolto no silêncio, e quando há palavras, são ditas para exaltar aquele que se foi, e confortar aqueles que ficaram. E nesse momento inicia uma das missões mais difíceis para aqueles que ficaram: continuar a viver.

Assim como a morte, o luto é algo natural, e que acontece geralmente com aqueles mais próximos do falecido. Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, são os estágios do luto, porém, não ocorrem necessariamente nessa ordem, e nem possuem um tempo pré definido, pois cada pessoa vivência de maneira diferente. Assim como o tempo é variável, o método como o luto é processado também é, algumas pessoas recorrem à religião para conforto, outros se focam no trabalho, enquanto alguns tomam medidas autodestrutivas como álcool ou drogas.

Mas por que o luto pode ser algo devastador? Apesar de ser algo normal, em alguns casos o luto permanece por muito mais tempo do que deveria, isso muito provavelmente se dá por sentimentos não resolvidos, como por exemplo se sentir culpado pela morte, ou por estar vivo quando o ente querido não esta, ou ainda não saber como continuar com a vida sem o outro. Esses são alguns dos sentimentos que podem aparecer e dificultar o andamento normal do luto.

É importante esclarecer que é normal sofrer, que o vazio deixado pela falta de alguém dificilmente é preenchido por alguma outra coisa. E não importam quantos anos alguém viveu, pois para quem fica o outro sempre se vai muito cedo e sempre gostaria de poder ter um tempo a mais junto, nem que fosse apenas um dia. Por isso no fim o que realmente importa não são os anos em nossa vida, e sim a vida em nossos anos.

Miguel Luiz Gava de Borba