A importância de saber dizer “NÃO!”

Por Miguel Luiz Gava de Borba, Psicólogo – CRP: 12/16049

Uma queixa que freqüentemente chega aos consultórios de psicoterapia, é a dificuldade de dizer não, seja para amigos, familiares, cônjuges ou até mesmo desconhecidos. O indivíduo que tem esse tipo de comportamento naturalmente busca ajudar qualquer pessoa que encontre pela frente, o que até certo ponto é admirável, entretanto, isso começa ser um problema a partir do momento que o fato de ajudar o outro atrapalha ou dificulta a vida da própria pessoa.

O motivo de isso acontecer pode variar muito, porém alguns se destacam. O mais comum seria a falta de auto-estima, pessoas com essa característica tendem a fazer qualquer coisa para os outros com a esperança de receber qualquer tipo de reconhecimento que as façam se sentirem valorizadas. A situação fica ainda mais complicada quando apesar de realizar o que foi pedido, o reconhecimento não vem, onde os sentimentos de “ser usado” e “não valho nada” tomam conta.

Outra razão pela qual pode ser difícil de dizer não é o medo de desapontar alguém, ou melhor: “ah, mas se eu não fizer isso, fulano vai ficar bravo comigo”.  A necessidade de agradar o outro o tempo todo prejudica a vida de quem não sabe dizer não.

Esse tipo de conduta também é vista claramente na maneira de pais educarem os filhos, onde muitas vezes acabam tratando a criança como rei ou rainha com medo de alguma forma machucar a criança, quando na realidade o “não” é uma ferramenta educacional que auxilia a criança a no futuro saber lidar melhor com qualquer tipo de frustrações.

Isso tudo quer dizer então que o certo é dizer não para tudo e para todos? De forma alguma, o importante é cada pessoa saber o quanto consegue se disponibilizar para os outros de forma que não prejudique a própria vida.

Saber que também não há problema em não poder ajudar alguém e que não vai se tornar uma pessoa ruim por isso. Também é importante lembrar que existem pessoas que percebem quando alguém não consegue dizer não e abusam dessa característica e quanto mais cedo essas pessoas forem identificadas e corrigidas mais saudável será.

A última característica e que talvez seja a que mais complique estas situações é o fato de quase todas as pessoas que fazem de tudo pelos outros, esquecem de cuidar de si mesmas. Deixam sua vida em segundo plano e muitas vezes negligenciam cuidados com a própria saúde física e mental para se envolver em questões de pessoas que talvez nem precisem tanto assim. Ajudar alguém é um ato prazeroso, mas se não for feito na medida certa, e com os motivos certos, pode se tornar uma grande dor de cabeça.

Se for querer ajudar alguém, se pergunte primeiro, se você pode fazer aquilo, se não vai te machucar e está em condições físicas e mentais de realizar tal coisa. Se não, é o momento de começar a rever as suas prioridades.