Coragem

Não sei se é coragem ou falta de juízo, mas hoje escreverei sobre massas, numa região de descendentes italianos e, em especial, na cidade recentemente eleita a CAPITAL NACIONAL DA GASTRONOMIA TÍPICA ITALIANA, onde se destacam, entre outras, as massas e a polenta.

O MACARRÃO DA “NONA” OU DA “MAMMA”

Quem não lembra o macarrão das nossas inesquecíveis ascendentes? Domingo: família (e às vezes também amigos) reunida, alegria, confraternização, problemas esquecidos/adiados e, principalmente, daquele macarrão fumegante (antigamente, quase sempre feito em casa), coberto por um lindo e aromático molho e, dependendo do número de pessoas, servido numa enorme travessa.

Grandes e boas lembranças! Para muitos ainda uma realidade, para outros, não. Ah, se pudéssemos voltar no tempo!  Mas, deixando de lado a nostalgia, voltemos àquele macarrão, que, aliás, “nunca” conseguiremos fazer igual.

Você já “devorou” o primeiro prato: uma delícia! De repente, quando você vai repetir pela segunda ou terceira vez (será que você come tudo isso?), nota que o macarrão amoleceu, absorveu todo o molho, grudou, secou, perdeu a consistência, sabor e temperatura (principalmente no inverno).

A situação piora ainda mais quando os comensais demoram a sentar-se à mesa após a refeição estar servida.

E agora, o que fazer? Você não pode fazer nada. Então, como cozinhar, servir, reaproveitar e armazenar (congelar) nossas massas e molhos?

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TIPOS DE MASSAS SECAS (quanto à matéria prima)

Antes de cozinhá-las, vamos conhecer alguns tipos que temos à disposição:

Massa comum – Elaborada na forma mais elementar, ou seja, farinha de trigo e água, resultando num produto de preço mais acessível e de baixa qualidade (cor escura, pouco rendimento, amolece, gruda fácil e tem pouco sabor).

Massa com ovos – Leva em sua formulação, em média, 3 ovos por quilo de farinha, que pode ser a tipo 1 ou sêmola.

Massa de sêmola – Elaborada com farinha mais nobre, hoje denominada farinha de trigo tipo1. Portanto, resulta num produto mais claro e de qualidade um pouco superior.

Massa de grano duro – Elaborada com um trigo especial chamado trigo durum. Fica naturalmente “al dente”, soltinha, porém consistente e ideal para a boa mastigação. Em geral, as nacionais, custam três vezes o preço normal e as italianas, as melhores, de 3 a 5 vezes; até mais. Entretanto, seu sabor é inconfundível e, sem exagero nenhum, quase nada deve às massas caseiras. Nesse caso, vale o dito: “quanto mais cara, melhor!”. Experimente! Fique de olho nas promoções.

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COZIMENTO

Muitas pessoas não dão importância às instruções para preparação dos alimentos presentes nas embalagens dos mesmos. No caso de massas, lá esta escrito: 1 litro de água para cada 100g, ou seja, 5 litros para 1 pacote de 500g. Ainda assim, mesmo sabendo-se disso, utilizamos menos água, normalmente por uma questão de tempo e economia (gás). Entretanto, essa recomendação deve ser observada, principalmente para as massas comuns, que grudam com facilidade. Então, vamos lá!

Utilize uma panela grande e larga, com água abundante e fervente, sempre.

O uso de sal é opcional, dependendo se você vai servir na hora ou não (alguns dizem que o sal evita que as massas amoleçam).

O tempo de cozimento, apesar de estipulado na embalagem, depende de vários fatores, principalmente da potência da chama e da quantidade de água. Portanto, fique de olho e retire a massa “al dente”, ou seja, cozida, mas um pouco resistente à mordida.

Durante o cozimento, mexa delicadamente com um garfo longo para evitar que grudem.

Não quebre o macarrão tipo espaguete para cozinhar.

Sirva imediatamente após o cozimento (somente para pequenas porções), ou, caso contrário, aplique um choque térmico (esfriar totalmente com água), passe um pouco de óleo (somente nas massas comuns, para não grudar) e conserve em geladeira até o momento de servir (o óleo pode prejudicar a absorção dos molhos).

COMO SERVIR

Já vimos que podemos cozinhar as massas com antecedência e conservá-las em geladeira (por até dois dias, numa temperatura de até 10ºC) ou, em pequenas porções, no “freezer”. Assim, utilizando uma espagueteira ou utensílio similar, com água fervente e sal a gosto, podemos esquentá-las e servi-las aos poucos, à medida que são consumidas, apenas mergulhando-as por alguns segundos na água, sem o mínimo prejuízo do sabor, evitando que grudem, esfriem e absorvam todo o molho, se for o caso. Eventuais sobras, inclusive do molho, podem ser congeladas à parte, servidas mais tarde ou no dia seguinte como se fossem “da hora”. A propósito, os molhos brancos após o descongelamento perdem sabor e, normalmente, coagulam, comprometendo também o visual. Portanto, é conveniente evitar tal procedimento. O ideal é conservá-los em geladeira, numa temperatura em torno de 5°C, por até 2 dias.

Se você não tem uma espagueteira, acople um cesto de fritura ou peneira a uma panela comum, conforme foto abaixo.

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MASSAS FRESCAS E CASEIRAS

Em outra ocasião abordarei este assunto, que certamente é mais interessante, mas também, mais complexo, por apresentar várias técnicas, equipamentos e ingredientes, além da escolha da farinha. Quanto ao cozimento, utilizam-se os mesmos procedimentos já mencionados para outras massas.

CURSOS DE GASTRONOMIA

A Faculdade Senac de Criciúma esta com matrículas abertas para os cursos de  Paellas e Risotos e Massas e Molhos, com carga horária de 12 e 20 horas, aulas semanais, das 19:00 às 22:20 h, início em 25.09 e 08.10, respectivamente. O professor será este que vos escreve.

Maiores informações podem ser obtidas junto ao Senac através do telefone 3437-9801 ou no facebook. Disponibilizo ainda o  endereço de e-mail informado ao final desta coluna.

O Instituto Mix de Profissões, recentemente inaugurado aqui “na Veneza”, também oferece cursos da espécie.

MAIS CORAGEM

Em outra oportunidade, escreverei sobre polenta, na intenção de desmitificar algumas coisas e facilitar a preparação.  Espero sobreviver após tal ousadia.

chefcezarmartins@portalveneza.com.br