Por Jéssica Souza
Muito se fala sobre o papel da mãe dentro da criação dos filhos, principalmente durante a primeira infância, o pai, por sua vez, acaba assumindo o lugar de coadjuvante e dentro dessa dinâmica.
“Durante muito tempo, o pai tinha papel de provedor e juiz. Não se envolvia na criação direta com os filhos. Era aquela figura distante. Hoje, os filhos dessa geração entenderam que papel do pai é sim participar ativamente da gestação, amamentação e criação dos filhos. O grande elo vem do amor, da criação com apego”, justifica a pediatra Flavia Schaidhauer.
Assim como a mãe, a figura paterna têm igual importância e responsabilidade na educação dos filhos. E essa missão começa quando se estabelece uma relação afetiva e de confiança. A formação do vínculo entre pai e o seu filho não é automática e imediata, pelo contrário, é gradativa e, portanto necessita de tempo, compreensão e amor para que possa existir e funcionar adequadamente.
Por isso é necessário que essa aproximação comece desse os primeiros momentos. Durante a gestação o pai deve ser presença constante em todas as etapas cuidando da mãe. Após o nascimento, ele deve dar apoio para que elo entre mãe e bebê se estabeleça. Construindo um ambiente saudável para o bebê ele fortalece e alicerça a relação entre os pais e a criança.
A criação com apego é algo da espécie humana. Historicamente este método foi utilizado até a segunda guerra mundial. Mas, durante este período, as mulheres precisam abandonar as atividades domésticas para entrar no mercado de trabalho.
“A Segunda Guerra e revolução industrial forçaram o afastamento das famílias e assim a criação com apego perdeu forças. Neste contexto, além da mão de obra das mães, as crianças também foram absorvidas pelo sistema econômico. Para elas, foi criado um recurso para que fossem constantemente obedientes e consequentemente abandonassem a sua esfera lúdica para se tornar uma força trabalhadora” , explica a especialista.
Para o senso comum, crianças que são muito dependente dos pais, consequentemente, na fase adulta se tornarão pessoas dependentes também. Na opinião da pediatra, este modelo de educação só traz benefícios. “Hoje as pesquisas clínicas mostram que as crianças que foram criadas com apego e amor elas têm as emoções com melhor controle, elas têm uma sociabilidade melhor e quando elas vão competir no mercado de trabalho elas têm uma estabilidade emocional muito amor”.
A criação com apego é a construção da conexão afetiva baseada no vínculo e no afeto. A prática que é fundamentada na psicologia do desenvolvimento afirma que a ligação emocional com o pai e a mãe durante a primeira infância é essencial para o progresso das relações afetivas na vida adulta. “E hoje, pesquisas mostram que crianças que não tem afeto e que vínculo familiar é ruim elas tem um tamanho cerebral menor, elas têm o processo de desenvolvimento atrasado, elas crescem menos”, reforça Flavia.