Setembro Amarelo e a Cultura do Perfeccionismo

Setembro chegou: e com ele chega a primavera, o florescer das árvores, a frutificação de muitas plantas frutíferas, e o setembro amarelo – uma campanha de prevenção ao suicídio, em um período de florescimento. Provavelmente você já deve ter ouvido falar pois é uma campanha bastante forte e essa fortaleza possui o objetivo de falarmos mais de suicídio, para termos menos casos dele. A informação abre portas e soluciona muito sofrimento, por isso, precisamos quebrar alguns tabus sociais como este.

Não sei se você vem acompanhado, mas durante a pandemia do COVID-19 os números de morte por suicídio aumentaram de forma significativa, mas é importante lembrar que o suicídio ocorre por múltiplos fatores: nunca há apenas uma razão para cometê-lo, mas sim, um conjunto de aspectos que faz com que o sujeito tenha desejo de cometê-lo. Ele não quer matar a si, mas matar a sua dor.

Diante disso, é importante compreender o momento em que estamos vivenciando: um momento em que vivemos com o celular praticamente grudado na palma das mãos, o que fornece praticidade, otimização do tempo e conforto. Porém, acaba fazendo com que nos conectemos muito mais com o outro, do que conosco mesmo. Isso pode acarretar em questões como: comparar a minha vida com a do outro, sentir-se inferior, frustração, ansiedade, sintomas depressivos, visto que nas redes sociais a vida do outro é pintada de fantasia, e não de realidade.

E sabemos que, as pessoas escolhem seus melhores momentos para mostrar, e não os momentos difíceis. Isso gera uma sensação de perfeição ilusória, e, muitas vezes, desejo de ter aquilo que o outro possui e ser quem o outro é. Porém, como o próprio nome diz, ela é ilusória, pois não condiz com toda a realidade. O peso de ter que ser perfeito é muito grande, e por isso é necessário desconectar o wifi da internet e conectar o wifi da vida. Olhar para a realidade como ela é, com suas conquistas e perdas, desafios e vitórias, comparar-se consigo mesmo e não com o outro e cuidar de si.

Você deve estar se perguntando o que uma coisa tem a ver com a outra, não é mesmo? Mas está totalmente interligado. Quando vivemos de maneira virtual, deixamos a vida real de lado, quando baseamos nossas escolhas na vida virtual, nos deixamos de lado, pois a nossa vida como um todo é real. É quase que, admirar a perfeição de um bolo mas esquecer que precisou de uma receita (e que deu muita sujeira pra fazer) para que ele chegasse onde chegou. É sobre apreciar o caminho todo, e não apenas a chegada. É sobre compreender que a perfeição humana consiste na imperfeição: pois somos seres complexos e não existe manual de instrução para a vida.

Quando mais visualizamos a vida como ela é, mais valorizamos ela. Mais florescemos e pintamos o setembro, e os demais meses de amarelo. Colorir a vida de amarelo, e de todas as cores que você desejar, entendendo que ela não precisa, e nem vai ser perfeita. A ideia de perfeição é utópica, pois o que pode ser perfeito para você, pode não ser perfeito para mim, e a necessidade de exercer essa perfeição o tempo todo – para si, e para o outro – é bastante exaustivo e geralmente traz uma carga emocional bastante forte.

Precisamos respirar fundo, olha para a nossa vida, o que foi construído a nosso jeito, à nossa maneira, e assim, nos permitirmos ser nós mesmos, mesmo em meio a padrões e crenças sociais, mesmo diante da imposição alheia. Deixo uma sugestão de livro sobre a temática: A coragem de ser imperfeito de Brene Brown.

Cuide de você, cuide da sua saúde emocional. Viva mais on para a vida e off para as redes. Equilibre. Olhe a vida como ela é. Pinte-a de várias cores e viva-a!

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