Sem tolerância

Acordei com vontade de expressar meus sentimentos diante de fatos que aconteceram neste final de semana. Fico triste em saber que o mundo está cada dia mais “intolerável”, o mundo não, as pessoas que o habitam. O mundo é o mesmo, as pessoas é que estão mudando e criando o seu mundinho dentro do Universo onde todos deveriam viver em comunhão, em harmonia, em comunidade.

Mas parece que “comunidade” está virando palavra esquecida no dicionário de muita gente. Viver em comunidade é saber ouvir, é conversar com as pessoas, é ser gentil, educado, ser cooperativo; como também é respeito às regras, às pessoas e aos direitos.

Conhecemos todas estas regras de convivência, mas esquecemos que o parente mais próximo é o nosso vizinho, é no vizinho que corremos primeiro em momentos de aflição, pelo menos eu faço isso, é com ele que conto para vigiar minha casa quando viajo, é o vizinho que cuida do meu maior bem. E porque somos tão intolerantes?

Aconteceu por estes dias alguém reclamar de obras no sábado. Será que o reclamante procurou saber o motivo de estar sendo feito no sábado, dia de descanso? Tenho certeza que não. Acredito que sacrificar um dia de descanso, tão esperado durante a semana, seja por conta de um motivo justo. Comigo aconteceu exatamente assim.

Estou trocando a cobertura da minha casa de dois pisos e aproveitando para fazer outras melhorias. Não contávamos com o temporal que tivemos na semana do dia 12 de junho, foi um desespero completo, não adiantou lonas, forrações, retiradas de água com rodos, choveu por tudo no andar de baixo, estava na eminência de perder todos os meus móveis, foi angustiante ver a água escorrendo pelas paredes, não ter mais panelas e bacias para colocar nas goteiras, usar todas as toalhas e ter que correr no comércio para comprar mais.

Hoje não gosto nem de lembrar o que passei, e não pensei duas vezes em pedir aos pedreiros que viessem trabalhar no sábado, estamos tendo dias de sol e preciso correr contra o tempo para adiantar a obra e, o mais rápido possível, deixar pronto para receber o concreto, não pretendo passar mais pelo apuro que passamos naqueles dias chuvosos. Tenho a plena convicção que qualquer um no meu lugar faria o mesmo: trabalhar para aproveitar os dias de sol.

Antes de reclamar, de xingar, vamos olhar para o lado e ter a sensibilidade de perceber o que cada um está passando, é preciso ver além do nosso umbigo. É preciso sim, respeitar o direito do outro e preservar o tão esperado final de semana para descansar, mas ninguém vai trabalhar se não for caso de urgência.

Eu me considero uma pessoa muito tolerável, sou complacente com meus vizinhos pois nunca sei quando vou precisar deles, e a política da boa vizinhança nunca fará mal a ninguém. Agradeço àqueles que me compreenderam e respeito os que discordam de mim, um forte abraço a todos.

Maria Margarete Olimpio Ugioni