Queda do governo na Itália chama novas eleições

Após as forças políticas de centro-direita e o Movimento Cinco Estrelas não se apresentarem para o voto de fiducia nesta última quarta-feira (20), o Primeiro Ministro Mario Draghi pediu sua demissão irrevogável. Na quinta-feira (21), o presidente da República, Sergio Mattarella, assinou a dissolução das Câmaras e convocou as novas eleições.

A crise política, gerada pelo anúncio do até então premiê, já causou tremores nos mercados financeiros. Afinal, queridinho dos investidores, Draghi foi presidente do Banco da Itália (2006 – 2011) e do Banco Central Europeu (2011 – 2019) e é considerado o responsável por salvar a zona do euro na crise de 2012. Sem ele, a Itália perde credibilidade.

Mas o Parlamento Italiano não pode ficar muito tempo sem uma liderança – o atual cenário europeu de guerra e inflação histórica não permite. Devido aos cortes russos e movimentos chantagistas ao bloco da União Europeia, a Itália precisa de um líder capaz de driblar, principalmente, o aumento no valor dos combustíveis, do gás natural e dos grãos, como o trigo.

A única alternativa agora é nos prepararmos para as novas eleições, que vão acontecer no dia 25 de setembro, único dia possível de acordo com as regras italianas, que permitem um máximo de 70 dias a partir do dia da dissolução, mas também um mínimo de 60 para que seja possível realizar as complexas operações de apresentação das listas de candidatos e efetivar uma campanha eleitoral justa.

Será a primeira eleição nacional de outono em mais de um século na Itália, época do ano normalmente destinada à aprovação da lei orçamentária no parlamento. A probabilidade é que seja uma campanha turbulenta. Além disso, enfrentaremos as eleições com uma novidade: a redução do número de deputados e senadores no parlamento, aprovada com referendo em setembro de 2020.

Para nós, italianos que vivem na América do Sul, isso significa quase 50% das cadeiras cortadas, com possibilidade de eleição de apenas dois representantes para a Câmara dos Deputados e um para o Senado. Com a redução, é papel dos eleitores fazer valer seus direitos, votando e garantindo a representatividade italiana mundial. Uma batalha que está apenas começando, mas que estou disposta a lutar.

Por Renata Bueno

*Renata Bueno é advogada internacionalista e política brasileira. Foi eleita vereadora de Curitiba (PR) pelo Cidadania no ano de 2009 e, mais tarde, entre 2013 e 2018, atuou como deputada do Parlamento da República Italiana pela União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos. Agora, é pré-candidata ao Parlamento Italiano nas eleições de 2022.