Os desafios de tentar a vida na Europa, pela visão de neovenezianos

Por Francine Ferreira

Emigrantes do município contam como foi, ou ainda é, viver na Itália e Alemanha.

Deixar a casa, a família e os amigos para trás em busca de mudar de vida, de tentar novos caminhos, buscar diferentes desafios. É dessa forma que muitas pessoas deixam suas cidades natal, como Nova Veneza, e partem para viver como emigrantes na Europa. Entre os destinos, dois dos mais comuns são a Itália e a Alemanha.

Viver nestes países costuma dividir opiniões, de pessoas que já foram e voltaram, que foram e ainda estão lá, ou que foram e não pretendem mais voltar. No entanto, um ponto é consenso: trocar o Brasil por algum país europeu tem tanto lados positivos, quanto negativos.

Os desafios de tentar a vida na Europa, pela visão de neovenezianosO neoveneziano Júlio Sérgio Ghellere conta que sempre tinha o sonho de conhecer e Europa e, ao mesmo tempo, ganhar dinheiro. “Hoje vejo muitas pessoas gastando fortuna pra conseguir a documentação e viver esse sonho, e mesmo assim vale muito a pena. Só que se perde a primeira temporada em função desse gasto, mas posso afirmar que existe um mundo totalmente diferente do que vivemos aqui. Onde tudo funciona, como saúde, transporte, educação. A cultura é muito bonita e eles tem o costume de leitura muito forte, tanto que se pode encontrar bibliotecas na rua ou até mesmo livros em bancos de praças”, completa.

Para ele, algo que também chamou muita atenção foi, além do baixo custo de vida, a educação dos europeus, principalmente no trânsito, em que carros, motos, bicicletas e pedestres convivem de uma forma incrível. “Mas tudo tem seu lado positivo e negativo. Uma das partes mais difíceis que encontrei foi o convívio com outras pessoas em um mesmo apartamento. Mistura de muitas culturas e formas de viver diferentes é algo não tão confortável, e a falta de privacidade muitas vezes é um grande incomodo”, opina.

Os desafios de tentar a vida na Europa, pela visão de neovenezianosAssim como Ghellere, o caminhoneiro Ricardo Ghisleri, também decidiu tentar a vida no velho continente e, por lá, conseguiu manter a mesma profissão que desempenhava no Brasil. “Dá de diferenciar da seguinte forma: na Alemanha a pessoa vai hoje e começa a colher frutos também hoje. Já na Itália, é preciso ir hoje para colher daqui a talvez até um ano, dependendo do que vai querer fazer”, exemplifica.

Conforme o caminhoneiro, antes de decidir largar tudo e mudar de país, a pessoa precisa avaliar muito bem seus rendimentos no Brasil e qual profissão exerce. “Porque nem tudo vale a pena. Eu sou caminhoneiro no Brasil e na Europa, mas se eu fosse para a Europa para não dirigir um caminhão, jamais iria”, ressalta.

Os desafios de tentar a vida na Europa, pela visão de neovenezianosPor fim, o empresário Jailson Gava Ghisleri já viveu na Itália e na Alemanha, mas retornou ao Brasil. “A primeira vez eu fui em 2005, quando a gente via outra realidade no Brasil, uma crise muito mais forte. Então acabei me mudando para a Itália, que tinha uma realidade diferente. Hoje, no comparativo, o Brasil talvez esteja melhor, a Itália é mais desenvolvida por todo o tempo que tem, mas hoje eu não trocaria o Brasil, apesar de toda a parte de desenvolvimento que eu tive por lá”, afirma.

O empresário estudou no continente europeu, depois voltou para o Brasil em 2011 e retornou para a Europa em 2016. No entanto, novamente voltou para Nova Veneza. “Para quem quis fazer dinheiro como eu fiz, aconselho a ir, porque lá realmente existe essa questão do dinheiro em pouco tempo”, finaliza.