Os desafios da legalização do jogo no Brasil

Os desafios da legalização do jogo no Brasil

Apesar de serem proibidos desde a década de 1940 no Brasil, cerca de 20 milhões de brasileiros jogam diariamente, especialmente no popular Jogo do Bicho, e mais de 10 milhões jogam em outros jogos online.

Para aqueles a favor da legalização, o jogo geraria empregos formais e maiores receitas fiscais para os cofres do Estado, embora eles considerem necessário estabelecer as bases para combater o problema potencial de vícios e as organizações criminosas que podem ser ligados à atividade.

Será que o jogo devia mesmo ser proibido?

Os jogos de azar são proibidos no Brasil há 77 anos. Se as pessoas tributassem os R$ 20 bilhões (US$ 5.219.200.000) que temos hoje em arrecadação com jogos clandestinos, estaríamos falando de R$ 6 bilhões por ano (em impostos).

Se as pessoas multiplicassem R$ 6 bilhões por 77, elas viriam em uma conta tão absurda, mas vale a pena fazer, que é algo em torno de R$ 462 bilhões, recursos que seriam para os cofres públicos, estimou o presidente do Instituto Brasileiro do Jogo Legal, Magno José.

Segundo estudo de 2018 do Portal BNLData e do Instituto Brasileiro do Jogo Legal, o jogo ilegal mobiliza cerca de R$ 20 bilhões anuais. A maior parte do Jogo do Bicho (R$ 12 bilhões), seguido pelos bingos (R$ 3,5 bilhões), slots e apostas esportivas e jogos pela internet (R$ 3 bilhões).

O relatório calcula que a legalização do jogo no Brasil geraria 658 mil empregos diretos e 619 mil empregos indiretos em toda a cadeia produtiva. Mais da metade dessas vagas formais (450 mil) viriam do Jogo do Bicho.

Suely Sales Guimarães, especialista em distúrbios de controle de impulsos, disse que a regulamentação desses estabelecimentos aumentaria naturalmente o número de pessoas dependentes.

Este envolvimento com o jogo, em princípio, ocorre num contexto agradável. Com o tempo, essa atividade torna-se uma atividade viciante (recuperação de dependência).

É semelhante ao vício em álcool, cocaína, heroína, qualquer droga química. Então, isso seria um vício comportamental, não químico. E a pessoa pode desenvolver desordem patológica no jogo.