O que Filipe Luís poderia ter agregado ao Brasil no Catar

É tão grande a importância dada à Copa do Mundo pelos torcedores brasileiros que mesmo jogadores do grupo dos quase convocados para representar a Canarinho no Oriente Médio mantiveram-se como tema de debate.

Um desses atletas é o lateral-esquerdo Filipe Luís. Tendo estado em Rússia 2018, o catarinense de Jaraguá do Sul acabou ficando de fora da lista dos 26 de Catar 2022 — embora tenha sido incluído na lista prévia de 55 atletas.

Teria sido esse um erro, ou talvez uma incoerência da parte de Tite? Se entre os que foram chamados pelo técnico gaúcho estava o lateral-direito Daniel Alves, de 39 anos, por que Filipe, de 37, não foi lembrado?

As expectativas não mudaram

Para sermos justos, a ausência do experiente jogador do Flamengo já era esperada. Mesmo a sua boa fase no clube carioca parecia insuficiente para lhe fazer superar a concorrência de Alex Telles (Sevilla) para o posto de reserva de Alex Sandro (Juventus).

A convocação final de Tite foi previsível. Evidência disso é que mídias voltadas aos esportes, tais como as diversas plataformas de apostas esportivas, que oferecem apostas e eventos específicos a pedido, bem como análise em tempo real, não alteraram seus prognósticos. A escalação do técnico da Seleção foi mesmo realizada conforme o esperado.

Ainda assim, vale a pena considerarmos por um momento os principais argumentos em defesa de que Filipe Luís fosse um dos brasileiros presentes no primeiro Mundial de seleções disputado em um país árabe.

Uma gama de virtudes

O primeiro (e talvez mais importante) ponto a ser observado é a sua regularidade. Diferentemente dos outros jogadores da chamada “geração 85” do Flamengo, Filipe manteve-se como titular na última temporada mesmo com uma idade relativamente avançada.

Um dos motivos para isso é, obviamente, a sua qualidade técnica. A capacidade por ele demonstrada de se transformar ao longo dos anos num “lateral-construtor” (expandindo a sua zona de influência para o meio de campo) talvez seja a melhor evidência disso.

Também é preciso notar a sua versatilidade. No início de 2022, o técnico do Rubro-Negro carioca era o português Paulo Sousa, que reconheceu no lateral-esquerdo a capacidade de jogar como um zagueiro numa linha defensiva de três jogadores.

Isso, por sua vez, só foi possível graças à inteligência tática de Filipe. Dificilmente um lateral de 37 anos seria o titular do atual campeão da Copa Libertadores se não tivesse desenvolvido uma capacidade acima da média de ver o jogo sob uma perspectiva ampla.

O futuro de Filipe

Os torcedores do Flamengo já tinham consciência disso (pelo menos até certo ponto), mas mesmo eles se mostraram surpresos com o trabalho de Filipe Luís enquanto comentarista do SporTV durante a Copa do Mundo do Catar.

Suas análises de partidas do Mundial de seleções chamaram tanto a atenção que houve inclusive quem o pedisse para ser o novo treinador do Rubro-Negro da Gávea (que àquela altura havia acabado de demitir Dorival Júnior e negociava com o português Vítor Pereira).

O próprio Filipe disse que pretende ser técnico após se aposentar. E, se esse dia ainda não chegou, é porque ele ainda tem muito que contribuir dentro de campo. É pena que, daqui até o fim de sua carreira, todas essas contribuições serão apenas a serviço do Flamengo.