Nunca o “oito ou oitenta” se fez tão necessário

Desde que comecei a acompanhar o Criciúma, os extremos nos comentários da imprensa e expectativas da torcida se fizeram presentes.

Ganhava um jogo e vinha a euforia desmedida, colocando jogadores comuns com status de semideuses. Perdia uma partida inesperada e vinha uma depressão profunda, equiparando atletas de bom nível a amadores descompromissados.

Sempre tentei ficar distante desse “oito ou oitenta” que circulava o Criciúma. Nem tudo era tão maravilhoso nas vitórias, assim como não era preciso implodir o clube diante de um momento ruim. Sempre há coisas positivas a tirar proveito e pontos negativos que precisam ser revistos.

Só que olhando para o momento atual do clube, dou meu braço a torcer. O Criciúma vive uma situação em que é preciso desse “oito ou oitenta”. Ou melhor, do “oito”, porque está muito longe do “oitenta”.

O Tigre somou apenas nove dos 36 pontos disputados na Série B e tem 25% de aproveitamento. Somado a isso vem o fato de ter o sétimo pior ataque, a quinta pior defesa (não sofreu gols em apenas dois jogos) e hoje tem 45,1% de probabilidade de ser rebaixado (dados do Departamento de Matemática da UFMG).

Com quase 50% do campeonato disputado, é preocupante demais. Se colocarmos 45 pontos como a meta para evitar o rebaixamento, estamos falando de um time com 57,6% de aproveitamento até o fim da competição. É aproveitamento de equipe que luta pelo acesso – Vila Nova e Coritiba, 5º e 6º, por exemplo, tem 52,8%.

No momento atual, como esperar que o Criciúma tenha esses 57,6% de aproveitamento? É uma insanidade. O presidente Jaime Dal Farra em hipótese alguma poderia ter deixado o clube neste momento para ir à Copa do Mundo. Ok, é uma chance única e que somente no mundo do futebol ele teria a oportunidade de aproveitar, mas é preciso ter prioridades e, como presidente, a prioridade é evitar essa hecatombe que acontece no estádio Heriberto Hülse.

O Criciúma está naufragando e as coisas parecem ser tratadas com naturalidade no clube. Se está ruim em arrecadação, presença de público e credibilidade na Série B, acreditem, ficará ainda pior na Série C.