Profissionais enfrentam o sono, a saudade e os quilômetros a serem percorridos, para transportar mercadorias a todos os cantos do Brasil
Diariamente, as pessoas vão ao supermercado e encontram o que desejam nas prateleiras. A laranja comprada hoje na seção do hortifrúti pode ter sido colhida em outro estado e, em menos de 24h, ter chegado até o estabelecimento onde são feitas as compras. E para que isso aconteça, existe uma profissão imprescindível que, muitas vezes, não é lembrada pela população. Por conta disso, com o surgimento da lei nº 11.927 em 2009, passou a ser comemorado, em 16 de setembro, o Dia Nacional do Caminhoneiro e da Caminhoneira.
Para alguns, ter essa profissão é um sonho, enquanto para outros, é obra do acaso. Passar dias viajando sem ter um local fixo e, por vezes, próprio para dormir, além de abrir mão de datas especiais perto da família, faz com que nem todos desejem ter essa rotina. Por conta disso, muitos acabam desistindo no meio do caminho.
Sulamir Enor de Freitas não via muita projeção para o seu futuro e parou de estudar quando estava na oitava série. Entretanto, com 18 anos – em 1989 – começou a trabalhar na área de serviços gerais da Fumacense Alimentos e, pouco tempo depois, foi ensinado a ser caminhoneiro, a profissão que carrega no peito até hoje.
Um ano mais tarde – na mesma empresa –, Adair Silva começava a realizar seu sonho. “Desde que eu tinha uns oito anos, sonhava com essa profissão. E, por meio da indicação de um funcionário, consegui a vaga que tanto queria na Fumacense. Acho que se aquele menino visse tudo que já vivemos, ele ainda assim escolheria ser caminhoneiro”, afirma.
Uma profissão que faz a pessoa acordar, muitas vezes, sem ter conhecimento do próximo trajeto ou destino. “A partir do momento que chegamos de uma viagem, entramos em uma fila de espera para podermos pegar outra carga e sabermos nossa próxima rota. Como a empresa fornece arroz para diversos estados do país, podemos ir para o litoral catarinense, bem como para o nordeste do Brasil”, explica Freitas.
Segundo lar
Para ambos dos motoristas, hoje com 50 anos, a maior parte do tempo de vida que passaram foi dentro de um caminhão. Por conta disso, em alguns casos surge, até mesmo, certo apego ao veículo. “Quando saímos do nosso município, ele é a única coisa que a gente tem. É a nossa profissão, a garantia da nossa refeição e onde vamos dormir, além de ser a nossa maior preocupação” conta Sulamir.
Neste cenário, muitos começam a decorar o caminhão ou deixar ele impecavelmente limpo. Para Silva, o ideal seria ficar no meio termo. “Tem caminhoneiros que se preocupam bastante com a aparência e pouco com a manutenção. É normal termos um sentimento de carinho, afinal passamos muito tempo lá dentro, mas também não precisamos ficar no extremo”, argumenta.
Distância e família
Não ter uma rotina fixa e, muito menos garantir que estará em casa nos feriados, fins de semana ou datas comemorativas. Ao aceitar essa profissão, a pessoa já subentende que a sua prioridade é o trabalho, independentemente do dia.
Para Sulamir, o aniversário dos filhos, além do Dia das Mães e dos Pais, são datas difíceis de se passar longe da família. Ele até encara passar seu aniversário sozinho como normal, mas as datas onde os familiares se reúnem são as mais complicadas, pois ele geralmente nunca está presente.
“Em todos esses anos, com certeza dormimos mais tempo no caminhão do que em nossas próprias camas. Uma das minhas filhas, inclusive, mesmo ainda bem pequena, conseguia diferenciar o barulho do meu caminhão de todos os outros que passavam e sabia, antes mesmo de me ver, quando eu chegava de uma viagem”, completa.
Histórias marcantes
Chuva forte, neve, granizo ou neblina. Durante a viagem, os motoristas estão à mercê do destino e da situação climática. Ser caminhoneiro é estar disposto a enfrentar quaisquer percalços para entregar a mercadoria no local indicado.
“Para mim, as coisas que mais me marcaram foram as tragédias e os acidentes de trânsito que presenciamos ao longo dos caminhos. E visitar uma comunidade muito pobre também pode ser muito triste, um grande baque”, relata Freitas.
Em outros casos, uma neblina misturada com fumaça pode fazer com que se dirija a primeira vez com uma visibilidade zero. “Foi na BR-116, o pó de serra de uma madeireira pegou fogo na madrugada e, quando eu passei por lá, não conseguia enxergar nada. Estava em um nível tão forte que, da janela do caminhão, eu não conseguia ver o chão”, relembra Silva.
Confiança
Antigamente, sem a tecnologia, as empresas precisavam confiar cegamente em seus caminhoneiros, pois a partir do momento que eles deixassem a sede, praticamente não seria possível manter nenhum contato. Por isso, escolher os profissionais certos era imprescindível, para a garantia de cuidado com bens de tão alto valor, como os caminhões e as próprias cargas.
“Quando a Fumacense Alimentos me chamou para esse cargo, eu achei que eles estavam depositando uma confiança enorme em mim. Com essa oportunidade, eu criei minhas duas filhas, paguei a faculdade delas e construí minha casa própria. Por esse e outros motivos, eu sempre serei muito grato”, confessa Freitas.
Um sentimento também evidenciado por Adair, que mantém na empresa, desde os 19 anos, seu primeiro e único emprego.
Essenciais
A maioria dos produtos adquiridos chega por meio dos caminhoneiros, mas, mesmo assim, muitas pessoas ainda desmerecem a atuação dos profissionais, pensando ser algo fácil, ou reclamam quando os veículos – que andam mais devagar no trânsito por questões de segurança – estão à frente nas vias.
“É uma profissão muito importante, porque tudo depende das mercadorias que a gente transporta e, enquanto não for investido em outros meios, nós continuaremos sendo indispensáveis para a sociedade”, assegura Silva.
Reconhecimento
Diante de tantos desafios, reconhecer a dedicação desses profissionais é essencial. E, em uma data especial como o Dia Nacional do Caminhoneiro e da Caminhoneira, a Fumacense Alimentos evidencia o quanto valoriza as dezenas de colaboradores do ramo, que são fundamentais para o bom funcionamento dos negócios.
De acordo com o gerente Corporativo de Logística da Fumacense Alimentos, Anderson Luiz Malisky, os motoristas de caminhão – independentemente do gênero, uma vez que a empresa também conta com diversas mulheres nesse posto – são trabalhadores indispensáveis para o negócio, viabilizando o escoamento da produção e auxiliando no abastecimento de todo o país.
“Depois de tantas entregas, chegou a vez de eles receberem a nossa homenagem. O caminhoneiro (a) é aquele que carrega a tristeza da despedida, a saudade das pessoas que ama e o progresso do nosso país. Eles sabem que o caminho é longo e que as estradas apresentam inúmeros desafios, mas chegar no destino final é sempre uma vitória. Os quilômetros de asfalto pela frente marcam as futuras jornadas e os já percorridos demonstram toda a força e experiência desses profissionais. Por tudo isso, nossos sinceros agradecimentos”, finaliza Malisky.
Sobre a Fumacense Alimentos
Referência nacional na produção de arroz e produtos feitos à base desse cereal, a Fumacense Alimentos possui as marcas Kiarroz, RisoVita e Kifeijão, além da Campeiro, Vilarroz e da linha Boby, a última voltada para alimentação de animais. Fundada em 1970, sua matriz está localizada em Morro da Fumaça, no Sul catarinense. A empresa possui, ainda, outras duas plantas produtivas, uma em Alegrete/RS e outra em Pombos/PE.
Juntamente com a JS Empreendimentos, Criciúma Shopping e Mark At Place, a Fumacense Alimentos faz parte do grupo econômico EZOS, lançado em outubro de 2020 com um sistema de gestão inovador, por conta da criação do primeiro Centro de Serviços Compartilhados do Sul catarinense.
Por Catarina Bortolotto