Após quase um mês da primeira invasão Russa à Ucrânia e, consequentemente, do início da guerra entre as duas federações, neovenezianos que moram em outros países da Europa também já tem sentido alterações nos preços de alimentos e combustíveis, bem como dificuldades em seus respectivos trabalhos.
Há quatro anos, o morador de Nova Veneza, Ricardo Ghisleri, foi para Verona – região Norte da Itália. Atualmente trabalhando como caminhoneiro, ele confirma que os preços dos combustíveis e alimentos deram um salto. “Na semana passada, fui ao supermercado e percebi a diferença. Antes, com 100 euros, eu enchia o carrinho. Hoje já dá pra levar em sacolas. E o gás, que aqui é muito usado para aquecer as casas, também teve um bom aumento”, completa.
Além disso, conforme o caminhoneiro, empresas também estão tomando medidas para economizar. “Algumas do setor metalúrgico reduziram o horário de trabalho por causa do alto custo de energia e outras, do setor de transportes, chegaram a fazer reunião com os motoristas para reduzir o salário. A empresa que eu trabalho, por exemplo, pede que a gente abasteça os caminhões onde custa menos e apenas o necessário para chegar até à empresa, coisa que antes não existia”, acrescenta.
Mudança esperada
Por serem duas potências agrícolas, o aumento no preço dos produtos é uma consequência direta da crise gerada pela guerra entre Ucrânia e Rússia, e já vinha sendo alertado por entidades especialistas.
Há poucos dias, por exemplo, a Organização para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) estimou que o conflito deve levar ao aumento médio de mais de 20% nos preços de alimentos em todo o mundo.
A FAO ainda ressalta que a Rússia é o maior exportador mundial de trigo e que, logo depois, chega a Ucrânia em quinto lugar. Se somados, ambos fornecem 19% da oferta mundial de cevada, 14% do trigo e 4% do milho, representando mais de um terço das exportações globais de cereais.
Vale a pena ir morar na Europa?
Diante dessa situação, quem pensa em emigrar para a Itália – como no caso de muitos neovenezianos – acaba pensando duas vezes na possibilidade. Para Ghisleri, é preciso analisar todos os cenários antes de tomar qualquer decisão.
“Na minha opinião, quem já está aqui engrenado fica aguardando com otimismo para melhorar. Mas para quem vem começar, se não tiver uma profissão bem remunerada, a melhor opção é a Alemanha, porque não investe nada. Já chega ‘colhendo’”, finaliza.
Por Francine Ferreira