Não somos todos humanos?

Caminhando na beira do mar, como faço quase todos os dias no verão, percebo muito o comportamento das pessoas, das famílias. A gente passa e no caminho encontra muitas situações que, na maioria das vezes, te deixa feliz e te faz acreditar que o amor prevalece acima de tudo, mesmo contrariando as notícias que se ouve e vê nos meios de comunicação.

Ouço muitas notícias ruins, cruéis, desumanas e inacreditáveis na televisão principalmente, que me faz pensar que não somos todos da mesma espécie, que não somos todos seres humanos, diante de tamanha brutalidade nos fatos narrados. Tem dias que dá uma revolta tão grande que digo: não vou mais ligar a tv porque é só morte, agressão e injustiça em 90% das reportagens.

Eu fico paralisada diante da tv quando vejo casos de agressões e mortes de crianças, como aconteceu com as meninas Isis Helena, Isabela Nardoni e os meninos Henry Borel e Bernardo Boldrini e tantas outras crianças que morreram por falta de cuidados dos pais ou até pelas mãos dos próprios ou algum dos familiares. São mortes quase que diárias de crianças sendo assassinadas sem dó nem piedade por aqueles que lhe devem proteção e amor. Até os animais protegem suas crias, eu não sei o que está acontecendo com os ditos humanos.

Mas daí me deparo com cenas que me fazem acreditar que nem tudo está perdido.

Certo dia encontrei um adolescente de braços dados com uma senhora, que acredito ser sua avó, que tinha muita dificuldade de caminhar. Ele tinha os braços entrelaçados com os dela e ainda com a outra mão acariciava a mão da avó enquanto pacientemente a amparava na caminhada e ao mesmo tempo conversavam carinhosamente. Era perceptível o afeto no rosto do rapaz e a satisfação no semblante da senhora. Que cena linda de carinho aos mais velhos!

Outro dia o que me chamou atenção foi a atitude dois meninos, aparentemente gêmeos, de mais ou menos três anos, que saiam da água em direção aos seus pais que estavam na areia só a observá-los. Um dos meninos tinha uma deficiência física e andava com muita dificuldade, então o irmão segurava numa das suas mãos e na outra ele carregava um baldinho cheio de água que estavam colocando num buraco que fizeram na areia. Caminha pacientemente de acordo com as condições do menino deficiente. Eu achei uma atitude tão linda e partindo de uma criança tão pequenina, que já nutria um sentimento de amor e proteção por outro ser humano que, na sua inocência, já sabia que o outro precisava de amparo.

Daí me pergunto: o que faz um ser humano ser tão diferente do outro? Porque muitos, graças a Deus, já nascem com este instinto maternal, de proteção e cuidado enquanto tantos parecem ter uma pedra no coração? Porque pais e familiares são os próprios predadores de suas crias?

Não consigo entender e nem quero. Quero pensar que são pessoas que não estão em perfeito estado de suas faculdades mentais, porque só um distúrbio pode levar um pai, como no caso do menino Bernardinho, a mandar matar seu próprio filho. É inconcebível e terrível demais.

O que aconteceu com o Bernardo levou as autoridades a criar a “Lei Menino Bernardo”, lei brasileira que visa proibir o uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes na educação de crianças e adolescentes.

Temos que lutar por leis mais severas e proteger mais nossos semelhantes, sejam crianças, adultos ou nossos velhos. Se eu não me sentir protegida dentro da minha própria casa onde mais posso estar?

Denuncie, não tema para não se arrepender depois. Fiquem bem e fiquem com Deus!

Maria Margarete Olimpio Ugioni