Mitos e verdades sobre a ingestão de glúten

 

Especialistas pontuam benefícios e malefícios do consumo de alimentos com glúten, considerado o vilão das dietas

O crescente número de optantes por manter uma alimentação livre do glúten chama a atenção de profissionais da saúde. Pesquisas recentes divulgadas na plataforma de dados científicos PubMed apontam que mais de 100 milhões de pessoas no mundo vão procurar seguir este caminho nos próximos anos.

A tendência repercute com força nos consultórios de médicos e nutricionistas, relata a nutricionista da equipe multidisciplinar da Clinicom, Simoni da Silva. “Há um aumento impressionante da dieta sem glúten em razão de experiências de pessoas que perderam peso ou o mito criado que o glúten traz prejuízos à saúde. Em princípio só celíacos, indivíduos alérgicos a essa proteína, devem vetar o consumo de alimentos”, orienta.

Presente em cereais como trigo, cevada, centeio e aveia, o glúten está em grande parte dos alimentos em restaurantes, lanchonetes e padarias. Ao evitá-los, as pessoas acabam selecionando mais o que comem e tendem a diminuir bastante a ingestão calórica, levando a uma redução de peso. “No entanto, com equilíbrio na dieta é possível ingerir essas preparações e viver com saúde. Os malefícios estão no consumo em excesso, assim como ocorre com sal e açúcar”, pondera Simoni.

Inserido nos carboidratos com glúten está também a amilopectina A, macromolécula que aumenta o teor de glicose no sangue. Segundo o médico cirurgião da Clinicom, Irani Alberton Júnior, esta substância eleva o índice glicêmico e contribui muito para a obesidade. “Em índice de açúcar, há pouca diferença entre comer duas fatias de pão integral e tomar um refrigerante. É importante a população se informar para não sofrer as consequências de uma alimentação incorreta”, alerta.

A moda estabelecida da dieta sem glúten requer cuidados para que não faltem os nutrientes vitais para o corpo, frisa Simoni. “Enfatizamos que somente os portadores da doença celíaca não podem ingerir glúten. Caso contrário é opção. Trata-se de um assunto polêmico que divide opiniões. É fundamental avaliar criteriosamente o paciente atentando aos sinais e sintomas relatados por ele associado a exames complementares e assim tomar condutas mais seguras”, sustenta.

 

Texto: João Pedro Alves

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