Margarete Ugioni – Tragédia no Balneário Rincão

O que irei contar foi o que vi e senti no momento em que aconteceu a tentativa de assassinato no Balneário Rincão, já que ocorreu na minha rua, quase em frente à minha casa.

Era quase onze horas da noite da última quarta-feira, dia 05, quando escutamos um estrondo, que mais parecia um rojão. Um cachorro gritava e eu corri pra rua, revoltada, achando que alguém havia jogado um rojão em algum cachorro.

Olhei em direção do barulho e vi uma movimentação de pessoas se agarrando, como se estivessem lutando, brigando. Não adianta, por mais que a gente saiba que não deve se meter em briga dos outros, o instinto de solidariedade – ou curiosidade – fala mais alto e quando vi já estava na rua.

De repente ouve-se um grito de uma mulher dizendo que sua menininha havia sido baleada. Pronto! Todos os vizinhos correram para ver o que havia acontecido, pois até então não se sabia se era um som de tiro ou não.

Chegando à residência ficamos sabendo que um homem, irmão do morador da casa, o chamou no portão. Enquanto o portão se abria ele percebeu que o irmão lhe apontava uma arma, tentou impedir que ele entrasse, mas quando percebeu a intenção do irmão, correu. Foi atingido nas costas e fragmentos do tiro atingiram sua neta que estava na rede.

Foi um desespero, as pessoas corriam de um lado para outro tentando ajudar. Eu vi a mãe carregando sua filhinha toda coberta de sangue para dentro de um carro e gritava para que alguém a socorresse. O SAMU e a Policia já haviam sidos acionados, mas a mãe não queria saber , ela precisava levar a criança para o hospital. Finalmente um abençoado sentou no volante e saíram em disparada – soubemos depois que a ambulância a encontrou no caminho e a conduziu no resto do trajeto.

O avô da menina ainda continuava em casa e sua filha gritava que o socorressem porque ele também estava ferido. Ele estava com muita dor e ao mesmo tempo arrasado e sofrendo pelo fato de sua netinha ter sido atingida também.

A gente escuta acontecimentos desta natureza todos os dias na televisão, mas presenciar um é bem diferente, nunca se espera que algo tão terrível aconteça perto da gente. Foi desesperador, as pessoas da família e os vizinhos estavam atônitos, sem entender o ocorrido e tamanha brutalidade.

Não cabe a nos questionar, culpar, querer uma explicação do por que do atentado, pois as razoes para este homem querer cometer um crime ele vai ter que dar para a polícia, o que podíamos fazer naquele momento era tentar ajudar de alguma forma, dar algum tipo de conforto.

Tão cedo não irei esquecer o que meus olhos infelizmente viram, aquele anjo desmaiado nos braços de sua mãe em desespero.

A razão de estar muito impressionada foi porque minutos antes estive com a menina, mãe e filha haviam estado em frente de minha casa, pois a pequena queria brincar com nosso gato. Ela brincou e conversou muito comigo, queria pegar o gato, mas ele fugia e ela me pegava na mão e pedia que eu o agarrasse pra ela poder tocá-lo, contou-me que o “Alemão” – nome do gato – subia no telhado da sua casa e que seu avô dizia: “passa pra casa!” e a gente ria da sua inocência e alegria de estar ali, já vestida pra dormir, brincando e correndo atrás do bichinho.

Tudo aconteceu muito rápido, elas foram embora e eu tinha levado o gato pra dentro de casa e quando sai na rua aconteceu a tragédia.

Meu Deus, como nossa vida é frágil! Num instante estamos rindo, felizes e no seguinte estamos chorando e gritando por um milagre.

Eu acredito que o milagre vai acontecer, mesmo contrariando as previsões dos médicos.

Dei uma parada para me despedir de minha nora que estava indo para Criciúma e em seguida retornei para continuar o texto, quando ouvi um lamento, um choro, corri pra rua, o avô que estava em casa tinha acabado de receber um telefonema que a menina teve morte cerebral…

Pranto, lágrimas… Estou arrasada e ao mesmo tempo feliz de ter contribuído para suas últimas risadas!!!

Maria Margarete Olimpio Ugioni

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