Margarete Ugioni – Infeliz dia dos filhos

Margarete Ugioni - Infeliz dia dos filhosAgora que passou o Dia das Mães queria lhes contar um fato que presenciei num dia desses num hospital.

Eu e meu esposo estávamos no Pronto Socorro de um hospital (ele foi retirar os pontos de uma cirurgia) quando entrou um homem empurrando uma cadeira de rodas com uma senhora sentada nela e mais o esposo dessa senhora acompanhando-a, era um casal de idosos que pelo teor da conversa eram os pais desse homem.

Todos sabem que no Pronto Socorro, mesmo você tendo Plano de Saúde ou não as consultas são rápidas e de portas abertas, todos que estavam na sala de espera puderam escutar o teor da conversa do homem (aqui no papel de filho) com o médico. O dito homem dizia que a mãe tinha “incomodado a noite inteira”, que ela não dormiu e não deixou ninguém dormir, que se queixou a noite toda dizendo que estava com dores, que estava doendo aqui e acolá.

Meu Deus que tristeza me deu! Fiquei tão chocada, tão triste e decepcionada que senti vontade de chorar. Como um filho pode dizer asneira tão grande? Como um filho que foi criado com carinho e zelo pode dizer que um ser humano, doente, acamado, impossibilitado, senil, iria incomodar por vontade própria, iria querer “atrapalhar” a noite de sonho daqueles que ela ama sem necessidade?

Este filho deveria estar ali, diante do médico, pedindo uma ajuda para aliviar o sofrimento da sua mãe, deveria estar pedindo, implorando um bálsamo para as dores daquela mulher que padecia numa cama. Quando envelhecemos, deseja-se uma velhice de qualidade, tranqüila e com saúde – esse é o ideal, mas nem sempre é o real. Essa mãe padecia enquanto deveria estar aproveitando os dias para brincar com seus netos e bisnetos, para fazer tricô e crochê (como antigamente), indo ao Clube de Mães, aos bailes da Melhor Idade (não quero perder nenhum), à ginástica, fazendo viagens.

Quanta frieza, impaciência, falta de tolerância com os velhos e impossibilitados? Será que esse homem pensa que nunca vai envelhecer e/ou adoecer e precisar dos outros? Que não pensa que o dever dele é cuidar dos seus pais? De dar uma melhor qualidade de vida, de maior conforto para seus pais? Eu nunca esqueço que na doença da minha mãe fazíamos de tudo para que ele sofresse o menos possível, para que ela tivesse pelo menos conforto na doença já que não podíamos fazer mais nada.

Fico com medo de envelhecer quando presencio uma cena tão triste como essa acontecida na semana do Dia das Mães. Não quis estragar o dia de nenhuma mãe com fato tão triste, mas agora fica aqui minha mensagem para que os filhos pensem nos seus velhos com mais carinho, com mais amor e zelo cuidem mais das palavras proferidas, a mim doeu muito eu imagino para aquela mãe.

Maria Margarete Olimpio Ugioni

4 Comentários

  1. Minha filha, meu amor! Que felicidade saber que você reconhece o amor que eu e teu pai dedicamos a vocês, é um amor incondicional você bem sabe ( a Denise já é mãe também). O que se faz por um filho não é sacrifício nenhum, e penso que o que se faz pelos pais jamais paga o que fizeram.
    Um beijo querida!

  2. Mãe…com certeza este filho ainda não é pai, pois só depois de ter um filho é que conseguimos saber a dedicação e o carinho que nós pais temos pelos filhos. Não tenha medo de envelhecer, pois a cada dia que passa tenho mais convicção de que nunca conseguiremos retribuir o amor que você e o pai nos deram. Te amo MÃEEEEEEE.

  3. Obrigada Ademar (me sinto constrangida em chamá-lo assim) realmente fiquei chocada com o fato que pensei muito na formação dos filhos de hoje, será que estamos formando-os para cuidar de uma sociedade com muitos velhos? Nem digo dos seus velhos, mas de todos, se agem assim com os seus o que não farão com os demais? Um abraço e tenha um bom dia…

  4. Maria Margarete, bela lição você nos traz. Realmente, a gratidão, o respeito aos nossos ascendentes devem ser compromissos perenes. Devemos exercê-los com alegria.
    Triste o destino da Sociedade que não cultiva a gratidão!