Marcos Alexandre Margotti Izé: Sexualidade e a adolescência!

 A sexualidade é um instinto humano. Esta se manifesta ao longo de toda vida, e garante, inclusive, pelo ato da reprodução sexual, a sobrevivência da espécie humana.

Na infância, por volta dos quatro ou cinco anos, as crianças experimentam sutil e inocentemente a própria sexualidade a partir da descoberta de seu órgão genital. Neste período, também reconhece no outro as diferenças anatômicas. Neste momento, ainda não há instaurado na criança a sexualidade com a mesma conotação de um adulto.

Ou seja, a criança manipula seu órgão apenas por ter descoberto que isto pode lhe gerar prazer, mas sem saber qual a real finalidade disto. O adulto, na maioria das vezes, pela falta de devida orientação, ao presenciar esta cena acaba por abordar de forma equivocada a criança, o que pode resultar em danos desastrosos ao desenvolvimento saudável da sexualidade desta.

Falar ou discutir a sexualidade humana ainda é um tabu. Este, criado por uma cultura machista, patriarcal e castradora que ainda tem seu lugar demarcado na sociedade moderna. Esta repressão tem deixado muitas marcas e refletido na realidade de uma parcela considerável de jovens brasileiros.

Segundo dados do IBGE (2010), o número de adolescentes entre 15 e 19 anos que encontram-se grávidas cresceu muito entre 2007 a 2010, resultando em uma preocupação e, em uma clara necessidade de se pesquisar acerca deste fenômeno.

Talvez, isto seja um reflexo da notória dificuldade dos pais em falar ou orientar seus filhos sobre questões sexuais e suas correlações. Muitas vezes, os genitores se deparam com situações nas quais não sabem ou não querem responder às perguntas e os questionamentos de seus filhos.

Em muitos casos, os pais, por falta de devida orientação, não consigam responder de forma adequada as questões e dúvidas trazidas pelos adolescentes.A escola, por sua vez, também não atende a todas as demandas e nem sempre consegue proporcionar a devida atenção e orientação a todas as dúvidas, medos e questionamentos que os adolescentes trazem para dentro da sala de aula.

Deflagram-se aqui, algumas questões: qual é o reflexo deste “silêncio” social sobre a sexualidade, no desenvolvimento e maturação sexual dos adolescentes? Por que os pais se negam em conversar e esclarecer as dúvidas de seus filhos adolescentes, considerando que estas orientações possam trazer uma maior conscientização e, consequentemente, segurança aos adolescentes no momento do ato sexual? Por que não conversar abertamente, trazer dados condizentes à realidade e criar um ambiente saudável, onde se fale abertamente sobre os riscos e consequências de uma relação sexual sem a devida proteção?

Afinal, se a sexualidade é da natureza humana, se o adolescente demarca um percurso para a manutenção da espécie humana, por que se insiste na reprodução de sujeitos “assexuados”, castrados e tolhidos de desejo? Por que deixar calar e ignorar a natureza humana? O adolescente pensa, logo deseja e portanto, sobrevive!