Marcos Alexandre Margotti Izé: O que estamos lendo hoje?

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Ao visitar a proposta da maioria dos cursos voltados à área de ciências humanas, é possível perceber que, o objetivo principal da maioria das instituições privadas ou públicas, é o de criarem seres autônomos e críticos acerca de sua realidade. Porém, o que se observa atualmente, é cada vez mais um repudio ou uma indiferença, no que diz respeito ao interesse dos alunos de ensino superior à leitura dos clássicos. Quando cito clássicos, não falo apenas em literatura, mas sim em Filosofia, Sociologia, Antropologia, História, entre outras áreas do saber que são bases fundamentais para se entender o que é discutido nas salas de aula.

O que presenciamos é a escassez na leitura dos nomes que fundamentaram estas ciências, dos responsáveis pela realidade que estudamos; além de um desinteresse em se debruçar num texto “difícil”, sem que este seja de leitura obrigatória para conclusão de alguma cadeira da faculdade.

Os próprios clássicos da literatura encontram-se empoeirados em gavetas ou perdidos em estantes ao redor de nosso país. Vivemos um momento em que nossa cultura, junto da indústria cultural, produz um verdadeiro desprezo a este tipo de leitura, que tem por finalidade cultivar um senso crítico aos seus leitores, e proporcionar uma reflexão acerca do que está sendo estudado.

Vende-se cada vez mais o pronto. Aquilo que não exige do seu leitor uma atenção mais apurada, um olhar mais crítico acerca de seu conteúdo. O que culmina em um total descompromisso com a educação. Descompromisso este, que já demonstra suas consequências.

Porém, cada dia mais cresce a necessidade de retornarmos àqueles que estão de certa forma esquecidos, ou perdidos em estantes ao redor de nosso país, para podermos compreender o que tais autores diziam e pretendiam com seus escritos. Senão, como será possível criar seres críticos e autônomos, se estes nem ao menos conhecerem os nomes e propósitos dos que fundamentaram a ciência que ele estuda? Ao trazer esse assunto em pauta, alguns questionamentos pairam sobre o ar. Até que ponto, realmente estão se formando seres autônomos e críticos acerca de sua realidade, em meio a este movimento que cresce cada dia mais? O quanto críticos estamos nos tornando, buscando cada vez mais meios prontos que não nos exigem pensamentos reflexivos? Até que ponto vamos realmente nos tornar seres pensantes, se não mais “sentamos na cadeira para discutir e judiar dos textos difíceis até ele nos dar o que queremos”?

Falta-nos coragem para isso? Ou é simplesmente mais cômodo continuar não pensando e apenas reproduzindo algo que está sendo oferecido de forma pronta em nossa sociedade? Muito se fala na falta de incentivo do governo, na falta de incentivo das instituições, sejam elas privadas ou não. O que é real, pois não existe grande incentivo do governo para a educação, e muitas vezes não se encontra incentivo dentro das próprias instituições. Mas nós, enquanto alunos, enquanto cidadãos, quanto estamos contribuindo para este movimento?

Marcos Alexandre Margotti Izé: Acadêmico da 7ª fase do curso de Psicologia da Faculdade ESUCRI. E-mail: marcosmargotti@hotmail.com

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