Marcos Alexandre Margotti Izé: Produções de Chai Deferrari

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Chai Deferrari é uma escritora gaúcha, adotada por Santa Catarina, natural de Uruguaiana-RS. É membro da Academia de Letras do Brasil – ALB Seccional Criciúma. Formada em Hotelaria e pós-graduada em MBA Gestão Empresarial, foge da rotina quando encontra-se em seus escritos. Inspira-se no cotidiano, em conversas aleatórias e lugares ou ainda com algo que possa estar sentindo, vendo e ouvindo. Publica seus escritos em seu blog pessoal; chaideferrari.blogspot.com.br.

A Grama do Vizinho

Daqui eu posso ver a grama do vizinho,
Posso ver seus pomares e as altas árvores,
Vejo também as plantas que por lá costumam florescer
E comparo com o meu matinho.

Enquanto olho para o meu quintal
Com algumas luzes de natal compradas a alguns anos atrás,
Meus tijolos à mostra, meus chinelos na porta
Um bem-vindo no portal.

Nem o gato preto do vizinho lhe causa algum azar,
Casa vazia, casa silenciosa, uma paz que não sei se vou alcançar.
Vejo seus bens, suas histórias,
E me deparo comparando com as minhas memórias

Meu cachorro vesgo teima em se coçar
Quando me vê, me lambe e começa a pular,
Meu riso cansado encontra os seus olhos
Eu não consigo negar lhe amar.

Eu vejo onde estão as falhas no meu quintal.
No dos outros, quem há de encontrar?
Eles nunca mostram sua real condição e pra quem vê apenas do portão
Não percebe as ervas daninhas, nem o veneno jogado no chão.

Por trás do portão podem esconder-se doloridas lágrimas,
Nuca saberemos o que há do lado de lá,
O lado do vizinho pode ser pura ilusão.
Ele tem um gato lindo, que não lhe dá atenção.

Eu reparo no vizinho
E ele no vizinho dele, neste caso, eu.
Nos invejamos secretamente, cada qual com sua visão aparente
Da vida que o outro leva.

É fácil invejar o vizinho,
Sem saber a história inteira do seu caminho
Nos entreolhamos e cumprimentamos
Imagino como é viver do lado de lá do portãozinho.

Poeta do Delírio Moderno

Às vezes escrevendo, sinto-me estar num cemitério de desejos nus
Prestes a ressuscitar os sonhos de uma vida inteira.
Regando amor em um lugar politicamente correto,
De grandes prédios comerciais, e corações de concreto.

Sou andorinha solitária, voando contra o vento,
Que cambaleia em direção ao desconhecido.
Sou vida,  orgulho, o berro de uma nação,
Sou paradoxo, fortaleza, vazio e escuridão.

Solto palavras, como uma droga viral solta no ar.
Nos altos escombros de um prédio abandonado
Jogo fantasias para esvaziar lágrimas, para quem desejar.
E que o vento leve onde há velhas cantigas a despertar.

Sou carregador de baterias fracas
Que reconstrói estímulos,
Junto teus cacos,
Recrio esperanças.

Sou a liberdade de um grito que ecoa no coração apaixonado.
Mensageiro da paz,
A dança que te cativa, o ombro amigo calado.
Aquela doce manhã que te desperta num feriado.

Eu sou como uma afronta
Como uma desafiadora erupção.
Te desafio, te desnudo e contrario
Levo-te ao pensamento e reflexão.

Sou um poeta do delírio moderno
Sou metáfora, sou utopia, escritor de poesia,
A canção que borda dias banais,
Aquela metamorfose que te arrasta.

Não que o terrorismo unilateral vai salvar,
Nem que eu diga muitas palavras de amor e alegria
Quem engrandece a realidade, esquece os sonhos.
Realidade da culta geração de velhos robôs ocidentais, cheios de antipatia.

Sou missionário da poesia
Escravo das palavras que teimam em meus dedos queimar
Sou o vento que te leva esperança,
Aquela voz que insiste em te fazer voar.

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