Maranhão não pode substituir Élvis

No papel, Élvis tem um substituto bem definido no Criciúma: Alex Maranhão. Quando está suspenso, é ele quem entra. Quando está mal, o camisa 20 é o primeiro a ser chamado por Mazola Junior. É um cenário bem desenhado e claro, certo?

Errado!

Élvis não se transferiu para Portugal, como parecia acontecer há algumas semanas, mas os jogos em que esteve ausente deixam bem nítido que o time de Mazola depende do camisa 10.

A razão é simples: apesar de, no papel, Maranhão ser seu substituto, na prática, é notória a diferença do perfil dos dois jogadores, o que inviabiliza a manutenção do estilo de jogo da equipe quando sai um e entra o outro.

Começamos observando os mapas de calor dos dois atletas, fornecidos pelo site Sofascore, e perceba a faixa de campo que ambos ocupam. Élvis se posiciona mais na área central, dando sempre opção de passe para os companheiros. Ele faz a bola correr:

Maranhão não pode substituir Élvis

Já Maranhão busca as laterais, demonstra dificuldade em atuar em áreas de maior pressão na bola e precisa de espaço para progressão (dos quatro jogos de amostragem, apenas contra o Atlético-GO ele não foi titular):

Maranhão não pode substituir Élvis

A diferença entre os dois atletas é evidenciada nos passes e finalizações. Segundo aponta o Foot Stats, Élvis é o jogador do Criciúma com mais passes certos: 664 em 1473 minutos. Maranhão, com muitos minutos a menos (556), é apenas o 15º na lista, com 135.

Mas se a minutagem pode ser um argumento para justificar a discrepância no número de passes, essa tese cai por terra nas finalizações. Maranhão, apesar disso, é o segundo finalizador do time, com 26 arremates, enquanto Élvis é o terceiro, com um chute a menos. Ambos têm a mesma quantidade de finalizações certas – 10 para cada um.

Por mais que Maranhão já tenha dado inúmeras entrevistas afirmando que é meia-armador, é nítido que ele precisa de outra função, talvez até junto de Élvis. No 4-3-1-2 atual de Mazola, não é absurdo algum imaginar o camisa 20 atuando mais próximo do centroavante, como um segundo-atacante, onde seu poder finalização seja melhor explorado. É uma posição que ele já ocupa normalmente, rodeando a área, sendo opção de passe, com o “porém” de não deixar o setor de criação desabastecido.

Élvis hoje não tem substituto e aquele que consideram uma alternativa a ele, na verdade, demonstra ser uma opção para complementar ao jogo do camisa 10 carvoeiro. Em meio a isso, vale deixar a pergunta no ar: e se Élvis cair de rendimento? Quem o substituirá?