Luto coletivo: Entenda como a perda dos tripulantes do voo do time da Chapecoense atinge você

O luto é um estado emocional vivido de diferentes maneiras nas diversas culturas pelo mundo afora. Ele é diretamente relacionado ao significado que a morte tem para cada povo, na maioria das vezes ligado à sua espiritualidade, e tem importantes papéis na elaboração da perda e dos sentimentos gerados por ela no indivíduo.

O processo do luto nos auxilia a assimilar a perda de alguém que amamos, e em meio a sentimentos de negação e descrença frente ao ocorrido, a sua elaboração permite o contato com a realidade rumo à aceitação.

O luto pode ter a duração de três a seis meses, se estendendo no máximo a um ano, estima a psicoterapeuta Kátia Horpaczky, porém este tempo pode variar a cada indivíduo, levando-se também em conta o vínculo com a pessoa falecida.

A queda do vôo que vitimou diversos jogadores da equipe do time da Chapecoense bem como repórteres a bordo na última terça-feira, 29, tem feito o Brasil e o mundo vivenciarem o sentimento de luto coletivo.

É importante ressaltar, conforme nos lembra a psicóloga Jéssica Delai, que a morte de personalidades conhecidas e admiradas pelo grande público permite que as pessoas que não conseguiram elaborar seus próprios lutos venham a fazê-lo, sendo possível reviver as perdas pessoais e extravasar emoções abafadas. “É como se emprestássemos um pouco da dor do luto coletivo para chorar as dores pessoais”.

Dessa forma torna-se possível entrar em contato com o “luto privado” de cada pessoa, uma vez que por diversos motivos são reprimidos ou não demonstrados os nossos sentimentos de pesar, até mesmo por causa da cultura (um bom exemplo é a máxima que “homem não pode chorar”), que então vêm a tona através do sentimento coletivo de perda, podendo ser expresso através das emoções e da solidariedade para com os atingidos.

A comoção também está relacionada à projeção direcionada a história das vítimas e seus entes queridos, incorporando-se também a nossa história, mobilizando em nós a empatia ao sofrimento vivido, especialmente em pessoas que já tenham passado por semelhantes desastres e perdas.

A intensidade do luto coletivo vai depender do quanto o indivíduo se sentia vinculado à personalidade que morreu. O sofrimento individual pela morte da personalidade admirada é semelhante ao experimentado quando um ente mais próximo morre, por isso, passa pelas mesmas fases de luto: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, conforme lembra a psicóloga Jéssica Delai.

Ela ressalta ainda que os momentos de luto são importantes para reorganizar certas posturas diante da vida, além possibilitar a reorganização de vazios, e pode levar o enlutado a compreender que alguns deles serão impossíveis de preencher.

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