Escrever a resenha de Dias Perfeitos é um desafio porque gostei do livro, mas ao mesmo tempo é uma história forte, doentia, com descrições de atos cometidos por um personagem que diz fazer tudo por amor. O autor brasileiro Raphael Montes criou um triller psicológico escrito em terceira pessoa e, mesmo assim, conseguiu deixar transparentes os pensamentos e sentimentos de Téo, que é o protagonista.
Téo é um estudante de medicina com pouco mais de 20 anos. Ele não tem amigos, mora com a mãe paraplégica, mas parece não ter nenhum sentimento por ela, apesar de ser carinho e cuidadoso porque é assim que os filhos têm que ser. Até o dia que conhece Clarice numa festa e o amor brota de uma forma que a garota se torna sua obsessão. Como ela não tem interesse, ele age no impulso e a partir daí o que Téo faz é para que ela se apaixone, porque não vê outra alternativa para sua vida. Começa com um sequestro e vai criando desculpas e mentindo para várias pessoas enquanto a mantém como refém.
Clarice é uma garota jovem, cheia de vida, alegre e quer ser roteirista de cinema e isso se torna uma ótima desculpa para Téo esconder a verdade do que está acontecendo. Ele sabe que tudo o que faz é errado, só que é o que tem que fazer para que fiquem juntos. Ele acredita que se Clarice ficar mais tempo com ele vai conhecê-lo e se apaixonar também.
Conforme os dias vão passando, tudo tende a piorar e durante a leitura só se quer saber como vai terminar, é muito tensa. Quando Téo será desmascarado e como? Diversas situações narradas provocam sentimentos ruins, duas vezes, em duas cenas, tive que parar de ler e continuar só no outro dia, de tão absurdo e pesado que achei. E o final? É surpreendente (mas não de forma positiva), diferente do que esperei.
O autor construiu a narrativa de forma intensa, interessante e fluida. Além disso, os personagens foram bem construídos, tanto Clarice que fazia de tudo para sair da situação em que se encontrava e Téo, com uma desordem mental perturbadora. Indico este livro para quem gosta do gênero e quem está acostumado com este tipo de leitura. Ou para quem quer conhecer a mente doentia de Téo, mas estejam preparados…
Dias Perfeitos, de Raphael Montes, 280 páginas.