JEA é realizado nos 70 anos da Escola de Educação Básica Abílio César Borges

A abertura dos Jogos Escolares do Abílio (JEA), foi feita na manhã desta segunda-feira, 18.

Com a presença de representantes do governo do Estado e do Município, foi dada a largada para o JEA. Nesta edição dos jogos, em alusão aos 70 anos da instituição, os professores de educação física aposentados: Miro Gava, Néio Ghellere e Susan Bortoluzzi Brogni, foram homenageados.

“O JEA é um evento muito importante, é um evento onde não somente há integração entre as turmas, mas também de professores e alunos,” enfatizou a gestora da instituição, Solange Brogni.

Um dos pontos altos do evento foi a participação do Policial Civil, Almir Fernandes de Souza, que também é presidente da Cruz Vermelha Brasileira da Filial de Criciúma. Almir foi um dos selecionado pelos comitê Olímpico, Rio 2016, para conduzir a tocha olímpica em Criciúma no último dia 9 de julho.

Na abertura do evento, Fernandes, juntamente com uma aluna e professores, desfilou com o símbolo da maior competição esportiva mundial.

“A Tocha Olímpica leva uma mensagem de Paz e Solidariedade Humana. O objetivo é levarmos esta mensagem para a cidade de Nova Veneza, aos alunos do Abílio Cesar Borges e, em especial a todos que participaram dos 70 anos de história desta instituição,” disse Almir.

Willians Biehl

Abílio César Borges – Nosso ilustre Patrono

por Ademar Arcângelo Cirimbelli

Lá se vão alguns anos. Numa manhã de 17 de janeiro, ouvia o programa “Show da Cidade”, na Rádio Mais Alegria 1060 AM, cujas instalações situam-se na parte continental de Florianópolis. O polêmico radialista Eraldo Monteiro, hoje com 69 anos, gaúcho de Santa Maria, também conhecida como Santa Maria da Boca do Monte, é responsável pelo programa. Emprega um chavão, que vai se perpetuando: “Saber não faz mal a ninguém”. Ao recordar os principais eventos do dia, reportou-se ao falecimento, no Rio de Janeiro, em 1891 (17/01), do grande educador Abílio César Borges.

Surpreendeu-me a coincidência, pois, no mesmo ano, em 1891, deu-se a fundação de Nova Veneza – SC, onde há um importante estabelecimento de ensino com seu nome.

Em 1º de dezembro de 1946, quando Nova Veneza já era Distrito de Criciúma, foi criado o Grupo Escolar Abílio César Borges, cujas atividades tiveram início em 1º de fevereiro de 1947. A primeira Diretora foi a Professora Edith de Almeida Bernardes, procedente de Florianópolis. O blumenauense Udo Deeke era interventor federal em Santa Catarina; Gustavo Neves (professor de português e literatura) era Secretário de Estado da Justiça, Educação e Saúde; Addo Caldas Faracco, Prefeito do Município de Criciúma e Luiz Lazzarin, Presidente da Câmara de Vereadores de Criciúma. Vale recordar que o neoveneziano Luiz Lazzarin foi professor primário no Jordão Alto, gerente da Cooperativa Colonial de Nova Veneza, empresário bem sucedido e Presidente da Comissão Diretora do Hospital São Marcos. Em 1949, chegou a exercer, interinamente, a Chefia do Executivo Municipal. A denominação atual do estabelecimento é Escola de Educação Básica (EEB) Abílio César Borges e a Diretora Geral é a Professora Solange Brogni Destro.

Despertada a curiosidade, busquei inteirar-me da biografia do patrono. São inúmeras as fontes de pesquisa disponíveis. Detive-me no trabalho acadêmico de Fábia Liliã Luciano (doutora em Filosofia e História e professora da UNESC), apresentado na UFSC, intitulado “Memória do Livro Didático em Santa Catarina: Uma discussão dos títulos e seus autores (1836-1889)”. Dele, transcrevo alguns tópicos: “Um dos escritores brasileiros do século XIX, que se destacou pela publicação de obras voltadas para o ensino de primeiras letras foi Abílio César Borges”. Médico e educador renomado, nasceu na Bahia, no povoado de Macaúbas, então pertencente à pequena Vila de Rio de Contas, ao sul da Chapada Diamantina, em 9 de setembro de 1824.

“Esse cidadão trocou a carreira médica pela atividade de educador, ao fundar, no ano de 1858, o Ginásio Baiano, em Salvador, estabelecimento de ensino responsável pela formação de personalidades, como Castro Alves, Rui Barbosa, Aristides Spínola, Plínio de Lima, Cezar Zama, dentre outros. Em 1871, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde instalou o Colégio Abílio, retratado pelo escritor Raul Pompéia, em O Ateneu. Sua atuação, no ensino secundário, foi alvo das atenções, ao abolir o castigo corporal, tornando-se modelo para as demais instituições. Esse precursor do livro didático, por suas contribuições, na área da Educação, recebeu, em 1881, o título de Barão de Macaúbas, concedido por D. Pedro II”.

Outro grande educador brasileiro, Anísio Teixeira, em sua obra de 1952, “Um Educador: Abílio César Borges”, enaltece suas qualidades, citando-o como exemplo de educador, padrão do nosso orgulho, grande educador do Império”. Atribui-se a ele a autoria do “Primeiro Livro de Leitura para uso das Escolas Brasileiras”, de 1850, além de mais de uma dezena de obras publicadas, inclusive Gramática Francesa. Pertenceu à Academia Filomática, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, além de muitas outras entidades literárias e científicas no Brasil e na Europa. Em 2002, no Governo de Esperidião Amin Helou Filho, a Secretaria de Educação editou uma coleção de seis volumes com “Biografias de Patronos e Patronesses das Escolas da Rede Pública Catarinense”. Na página 13 do Volume 3 (Região de Criciúma), estão relacionados os “principais títulos e méritos” deste patrono. Em resumo, Abílio César Borges “foi um homem à frente do seu tempo, que amava o seu país”.

No Abílio, aprendi a cultivar a virtude da gratidão. Rendo homenagens e agradeço, agora e sempre, aos meus primeiros mestres: Maria Godoy, Vilma Crevanzi (recentemente falecida, aos 80 anos), Alice Gava, Regina Cúnico Ostetto e Iodá José Bozzano (Diretor), pelas sábias lições que deles recebi e que deram sólido fundamento à minha formação.

Não é uma honra e uma interessante coincidência, termos Abílio César Borges como patrono de uma das mais expressivas unidades de ensino de Nova Veneza? Livramo-nos de denominações impostas, sem sentido, ligadas a compromissos politiqueiros, bem usual em nosso meio!

Como você, também digo – com muito orgulho – “estudei no Abílio César Borges”.