HIV entre adultos jovens cresce 43% em Santa Catarina nos últimos três anos

No Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado em 1º de dezembro, a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC) alerta para o crescimento do número de casos de infeções pelo HIV, o vírus da Aids, especialmente entre os adultos jovens. Desde 2014, quando a infecção pelo HIV passou a ser de notificação obrigatória, o número de casos entre pessoas de 20 a 34 anos saltou de 757 para 1.051, em 2015, e para 1.080, em 2016. Esse grupo corresponde a 54% do total de 1.974 casos de HIV registrados no estado no ano passado, de acordo com os dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive) da SES/SC.

“Esses dados indicam duas realidades distintas. Por um lado, estamos ampliando o diagnóstico precoce do HIV, a partir da maior adesão de gestores, profissionais de saúde e cidadãos ao Teste Rápido. Por outro, comprovamos que a maioria das pessoas continua se descuidando da prevenção, ou seja, não está usando preservativo nas relações sexuais”, considera Dulce Quevedo, gerente de Vigilância das DST/Aids e Hepatites Virais da Dive.

A afirmação é comprovada pelos resultados preliminares do Estudo POP-Brasil: resultados e ações para o enfrentamento da infecção pelo HPV, realizado pelo Ministério da Saúde e divulgado esta semana. Na pesquisa, somente cerca da metade dos participantes (51,5 %), com idade média de 20,6 anos, disseram usar camisinha rotineiramente e apenas 41,1 % fizeram uso na última relação sexual.

Segundo Dulce, apesar de todos os avanços em pesquisas e métodos de prevenção, o uso da camisinha – masculina e/ou feminina – continua sendo a forma mais simples e eficiente de proteção contra o HIV. “E, também, previne outras 11 infecções sexualmente transmissíveis, como sífilis, hepatites virais e gonorreia”, complementa Dulce.

Em relação aos casos de HIV notificados em 2016, o segundo grupo com maior incidência foi o de pessoas de 35 a 49 anos (578), seguido pelos grupos de 50 a 64 anos (192), 15 a 19 anos (92), 65 a 79 anos (30) e de 10 a 14 anos (2). A região com o maior número de casos foi a Grande Florianópolis (517), seguida pela região da Foz do Vale do Itajaí (407) e pelo Médio Vale do Itajaí (231).

A relação entre o HIV e a Aids

É importante destacar que nem todas as pessoas infectadas pelo HIV terão Aids a médio ou curto prazo. Porém, mesmo sem desenvolver a doença, a pessoa portadora do vírus HIV poderá transmiti-lo. “A doença pode demorar até dez anos para se manifestar. Ao desenvolver a Aids, o HIV inicia um processo de destruição de um dos tipos de glóbulos brancos do organismo da pessoa doente, os linfócitos T CD4 (ou simplesmente CD4).

Como esses glóbulos brancos fazem parte do sistema imunológico (de defesa) dos seres humanos, sem eles, o doente fica desprotegido e várias doenças oportunistas podem surgir e complicar a saúde da pessoa, e que serão responsáveis pela morte do paciente não tratado”, explica o médico infectologista Eduardo Campos de Oliveira, técnico da Dive/SC.

Quanto mais cedo for feito o diagnóstico do HIV, mais cedo será iniciado o tratamento contra a Aids. E isso tem ocorrido em Santa Catarina, na avaliação da gerente de DST/Aids e Hepatites Virais da Dive. “Verificando a redução do número de casos e de óbitos por Aids no estado, consideramos que as pessoas estão aderindo mais ao tratamento precoce”, avalia Dulce Quevedo. De acordo com os dados epidemiológicos, o número de novos casos de Aids vem caindo na última década. O total de novos casos notificados em 2016 (1.600) é o menor dos últimos dez anos. O número de óbitos ocorridos no ano passado (515) também foi um dos menores da década; apenas acima do ano de 2012, quando foram registradas 495 mortes por Aids.

Apesar dos dados positivos, Santa Catarina apresenta a segunda maior taxa de detecção (casos/100 mil habitantes) de Aids do país, de acordo com o Ministério da Saúde, com 31,9 casos a cada 100.000 habitantes, atrás apenas do Rio Grande do Sul, que apresenta taxa de detecção de 34,7. Em nível nacional, a taxa de detecção de Aids é de 19,1. Em Santa Catarina, 12 municípios participam do acordo firmado entre o Governo Estadual e o Governo Federal para priorizar ações de prevenção e maior acesso ao diagnóstico de HIV/Aids, por apresentarem as mais altas taxas de detecção de Aids no estado. São eles: Balneário Camboriú (63,2), Itajaí (61,9), São José (57,7), Florianópolis (53,7), Palhoça (49,4), Lages (44,1), Criciúma (39,6),  Blumenau (39,5),  Brusque (35,0), Joinville (30,6), Jaraguá do Sul (29,3) e Chapecó (29,2).

Prevenção e tratamento

A rede pública de saúde disponibiliza, gratuitamente, preservativos masculino e feminino e gel lubrificante para toda população. As unidades de saúde também oferecem o Teste Rápido para HIV, realizado de forma segura e sigilosa. O tratamento da Aids é oferecido gratuitamente a todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Acesse o site aqui e saiba onde realizar o Teste Rápido.

Letícia Wilson e Patrícia Pozzo