Por Francine Ferreira
Após matar algumas galinhas, uma gata-do-mato foi encontrada no distrito de São Bento Baixo, interior de Nova Veneza. Apesar do prejuízo, a dona da propriedade, Maristela Michels Bristot, acionou a Polícia Militar Ambiental, que recolheu o animal e o encaminhou ao Instituto Felinos do Aguaí.
Maristela mora e trabalha em Criciúma, mas toda semana vai ao seu sítio, em Nova Veneza, alimentar e cuidar de seus mais diversos animais, como gatos, cachorros, um ganso e algumas galinhas. Em uma das visitas, notou a presença de um gato diferente, com pelo semelhante ao de uma onça.
Em um primeiro momento, o gato conseguiu fugir e a proprietária do sítio se deu conta que algumas galinhas estavam mortas. Depois, em uma segunda visita, ela flagrou o animal dentro do galinheiro e conseguiu capturá-lo, decidindo, então, acionar a Polícia Militar Ambiental.
Segundo o cabo Cristiano Teixeira Dias, da Polícia Militar Ambiental de Maracajá, a mulher solicitou que o animal fosse recolhido e solto em um local mais distante das residências. “Até para que ele tivesse a sua vida salva, porque possivelmente se tivesse ido para outra residência, poderia não ter tido o mesmo fim. Essa senhora que fez contato conosco foi extremamente consciente, teve prejuízos com as galinhas, mas ficou feliz de ter recebido a visita, porque nunca tinha visto um animal desse tão próximo”, completa.
Maristela ainda fez questão de ir até o Instituto Felinos do Aguaí no momento da entrega do animal. “Ganhei o dia por conhecer os integrantes do Instituto, que com poucos recursos realizam um belo trabalho preservando a natureza, seus pássaros, os animais felinos e outros bichos que ali vivem. Tive prejuízo, mas ganhei a recompensa de ter salvado uma gatinha do mato indefesa, os amigos que fiz e o conhecimento que obtive”, conta.
“Nosso papel é buscar fazer o manejo da espécie e garantir que esse animal volte para a natureza com saúde. O animal passou por uma avaliação médica, com dois veterinários, e obtivemos resultados de exames que indicaram que ele está bastante desidratado. Então ficará no nosso criadouro científico para fins de conservação, para se reabilitar até estar em condição adequada para poder voltar para a natureza”, explica a bióloga e coordenadora do Instituto, Micheli Ribeiro Luiz.
De acordo com a bióloga, trata-se de uma fêmea em idade bastante avançada, aproximadamente entre 10 e 11 anos, já sem as presas. “Agora vamos alimentá-la, fazer essa hidratação e quando ela estiver em estado adequado, vamos fazer a soltura na natureza”, acrescenta.
Consciência ambiental
O criadouro científico para fins de conservação do Instituto Felinos do Aguaí tem a finalidade de de dar suporte para que os profissionais possam fazer todas as solturas garantindo a saúde e qualidade de vida dos animais em seus respectivos retornos à natureza.
Já no que diz respeito à atitude de Maristela, a coordenadora do Instituto ressalta a importância da ação. “No passado ninguém ligava e a gente sabia que esse tipo de ocorrência existia, só que a maioria era desconhecida. A gente sabe que o final desses gatos pode ser outro se os proprietários não tiverem uma consciência. Esse contato entendemos como resultado desse trabalho de educação ambiental que a gente faz ao longo dos anos e que tem refletido na comunidade”, finaliza Michele.
