Frei Marcos Huk: Pensar,como Deus ou como homens

Eis a questão, você decide. Penso que esta seja a temática deste final de semana. A liturgia católica viabilizou, em suas assembleias, uma verdade divina que muitas vezes se faz por menos, ou seja, não se dá a devida importância sobre a questão – a maneira de pensar.

Esquece-se de que a maneira de se pensar é a maneira de se comportar. Pensamento é comportamento. Portanto, Deus, preocupado com seus filhos, deseja que a humanidade, para superar seus limites, impostos pelo pecado, procure pensar como Ele. Mas, para isso as pessoas devem transformar sua maneira de pensar ou, em outras palavras, a humanidade deve se tornar divina, por semelhança, em pensamento.

Na primeira leitura, do profeta Isaias, encontra-se uma afirmativa importante que diz: sei que está comigo aquele que me justifica, portanto quem me objetará? A partir desta afirmativa, se vê que o indivíduo de fé recupera um ponto de referência na vida e que, a partir deste ponto de referência forte, ele pode enfrentar barreiras que, até então, eram-lhe intransponíveis.

A cultura atual, a partir da perspectiva relativista, conquistou espaços importantes para as minorias. Isso é um avanço. Mas, não se pode esquecer que uma perspectiva relativista não pode ser expressão de uma postura dogmática, porque, a partir de então, tudo se torna relativo.

Há certas coisas que não podem serem relativizadas, por exemplo, a questão religiosa. Quando esta não for fundamentalista. Se Deus for relativizado, a vida humana corre perigo. Em todos os sentidos. Se Deus for relativizado, estar-se-á à deriva.

É lógico, o homem não pode ser medida para o próprio homem. Sempre o homem, em sua evolução, precisará de um ponto de vista que seja externo e superior a si mesmo. Sabe-se que, alguém superior ao próprio homem, somente o seu Criador pode ser referência ao homem. Somente Deus pode guiar o homem para uma evolução contínua.

Na segunda leitura, continuamos com São Tiago que afirma: quem diz que tem fé, mas não a pratica é mentiroso. Então, a pergunta é: você tem fé? Se sim, o que você já mudou em sua vida por causa de sua fé (a referência é Jesus). Desta forma você verá se é ou não é mentiroso para si próprio e também mentiroso para os outros.

No Evangelho, de São Marcos, a questão é: afirma-se que Jesus é o Messias e, portanto, o salvador. Mas, com dificuldade, aceita-se que o Messias e Salvador da humanidade revele à própria humanidade seus limites e suas debilidades. Gostar-se-ia que o Salvador do mundo diante do mal o destruísse num piscar de olhos – lançasse raios e trovões sobre todos aqueles que praticam o mal.

Os impulsos cegam o ser humano e este não vê que quem combate a violência com violência também é violento. Nesta perspectiva, o mal é permanente, troca somente de nome e de endereço. Não existe superação do mal. Jesus, no evangelho, mostra que para superar a espiral da violência somente com o início da espiral do bem – o filho do homem deve ser preso, sofrer, morrer e ressuscitar.

São Pedro, nesta passagem da escritura, representa a humanidade que age a partir de seus impulsos. São Pedro deseja que Jesus não se permita as coisas que Ele mesmo se previu, em outras palavras, São Pedro exige que Jesus, enquanto Messias, comporte-se como Deus.

O ensinamento de Jesus consiste na repreensão de São Pedro: se afaste de mim satanás, não pensa como Deus e sim como os homens. Em conclusão, sempre que agimos por nossos impulsos estamos pensando como homens e não como Deus.

Terminando, se a pessoa sabe que Aquele que lhe justifica está ao seu lado, então a pessoa coloca em prática a sua fé procurando superar todo comportamento ditado por impulsos passionais. A conversão consiste em optar entre pensar como Deus ou como homens. Jesus ensina: o mal só se supera com o bem – pensar como Deus.

Deus lhe abençoe e tenha uma boa semana. Que o Espírito de Deus lhe ajude em seus discernimentos e, desta forma, consiga pensar mais como Deus que como homens.