Frei Marcos Huk: Fé é alma nutrida

Irmãos e irmãs  de fé, a liturgia deste final de semana continua com temática da mística do “Pão descido do céu”. No outro escrito, que deixei na semana passada, muitas pessoas se manifestaram dizendo rezam e conversam com Deus de “n” formas e eu, no meu entendimento teológico, deixei escrito nos comentários: se a oração que você faz, por excelência a Eucarística, leva-lhe ao compromisso com o irmão e com Deus, então, é oração; caso contrário, é um conjunto de textos aprendido desde criança e recitado, muitas vezes, sem ter sentido; se a oração não lhe faz uma pessoa melhor  (comprometida) ela é apenas um entorpecente que lhe possibilita, por instantes, uma fuga do mundo e, no caso mais profundo, também de Deus.

Na primeira leitura, do Livro dos Reis, temos Elias, que no seu caminhar até o monte Horeb, morada de Deus, sente-se cansado – deprimido. Todos nós na nossa jornada até a casa do Pai, sentimo-nos cansados e, as vezes, deprimidos.

Identificados na pessoa do profeta, escutamos na leitura que Deus não nos deixa sozinhos, principalmente nos momentos de dificuldade. Ele mesmo nos alimenta. Na leitura do Evangelho, Livro de São João, Jesus diz que quem não é atraído por Deus não buscará o Pão descido do Céu.

Você meu irmão se sente atraído por Deus? Neste mundo, por quantas coisas você se sente atraído, um celular novo? Um tablet? Um carro novo? E tantas outras atrações que o mundo consumista lhe empurra goela abaixo, ideologicamente.

Você tem que ter para ser. Mas, por Deus, você se sente atraído? Porque você vai à missa? Deus lhe atrai? Caso contrário, você sente que a missa é longa, o padre não fala direito, a música estava muito alta, etc., etc., o murmúrio de quem estava ao redor de Jesus, texto do evangelho deste final de semana, ecoa nas nossas assembleias eucarísticas ainda hoje. Este zumbido impede a experiência do Deus que alimenta e que liberta.

São Paulo, na segunda leitura, aos Efésios, diz-nos: sede imitadores de Deus. Meu irmão no seu jeito de ser qual ato em você pode ser considerado divino – imitação de Deus? Você se sente atraído por Deus, então, você nutre sua alma. A falta de identificação com Deus, faz-nos mirrados na alma.

Em nenhum instante estou falando de corpo e alma como sendo duas coisas separadas. A unidade do corpo e da alma, somos nós. A linguagem gramatical fala do corpo físico e a linguagem da fé fala do corpo alma; ambas se complementam e mostram nossa forma de vida.

Aproveito da metáfora do Pe. J. Pereira que diz: precisamos de alimentos para que o corpo fique vivo e também precisamos de alimentos para que a alma fique viva. Somos, já foi dito, uma unidade composta de corpo e alma. A depressão é a doença da alma e, por consequência, o corpo também adoece.

Toda pessoa que alimenta seu corpo com comida equilibrada e, principalmente, alimento sustentável, mas não alimenta sua alma, substancialmente, porque não se sente atraída por Deus, está mais exposta a depressões.

A liturgia deste final de semana, mostra que o homem moderno alimenta bem seu corpo, mas alimenta mal a sua alma. Para uma educação alimentar do corpo se vai ao nutricionista, mas para uma educação alimentar da alma se recusa ir a Deus (missa) – prefere rezar sozinho.

Sabe-se que muitas pessoas por inventarem dietas alimentares, terminaram desnutridos; pasmem, a mesma coisa acontece quando pessoas inventam modos pessoais de oração – conversa com Deus – acabam com a alma desnutrida.

É indo à missa, recebendo o Pão descido do céu, a carne de Jesus, que nossa alma ficará nutrida e forte, blindando assim nosso corpo.

Força e fé, a primeira é resultado de um corpo alimentado e a segunda de uma alma bem nutrida.

Nesta caminhada, Deus mesmo nos alimenta. Busquemos, então, na missa, deste alimento. Este Deus nos dá em abundância. Imitando a Deus, porque nos sentimos atraídos por Ele, vivamos de modo que não contristamos o Espírito de Deus que está em nós.