Especial: vida de tropeiro (Parte I)

Histórias do cotidiano

TANQUE DO MACHÃO – Uma figura muito conhecida por aqui por suas histórias pitorescas, quando chegava no posto de gasolina local com seu “Dorjão” Dart, dizia: “Enche o tanque do meu machão…” O frentista perguntava mas por que machão? Ele respondia: “Porque ele vive me  f….” O carrão era beberrão e cada vez que abastecia baixava a sua conta bancária.

*Histórias verídicas do povo neoveneziano.

Hábitos do interior

– Se benzer ao passar na frente de igrejas,  santuários ou cemitérios.

– Estabelecimentos que ainda tem caderneta de fiado. Ainda bem.

– Aparecer na casa de amigos e conhecidos,  sem avisar.

– Comentar ou fofocar, como queira, sobre a vida dos outros.

– Muitos sabem da sua vida mais do que você mesmo.

* Mande por e-mail outros hábitos do interior que você conhece!

Informando e divertindo há décadas

Depois de vários anos neste espaço no site Portal Veneza que leva Nova Veneza e região para o mundo,  com informações dos bastidores políticos neovenezianos, informações gerais e opinião, agora vamos ampliar com mais atrações para os internautas com muito mais informações, fatos pitorescos do nosso cotidiano, história, e também assuntos polêmicos para instigar as pessoas ao debate. Tudo com muito “tempero”,  até porque vivemos na capital da gastronomia típica italiana de Santa Catarina. Muito obrigado a todos que prestigiam meu trabalho e espero que gostem. Participe e interaja com a página.

“Loucos ” pela Serra

Se você adora subir a serra, contemplar sua beleza natural, curtir o clima serrano, a hospitalidade de seu povo, sua cultura e seu modo de vida, envie foto para este espaço.

– “Ó solidão dos cavalos no campo”, diria o poeta. Fiz esta foto há vários anos no acesso à pousada cachoeirão  dos Rodrigues, que fica em Ausentes. Ao fundo o pasto queimado pelo frio rigoroso, típico da serra, lembra um deserto.

cavalos

– Recentemente vi pela primeira vez na serra um “cachopa” de nó de pinho, usado para decoração ou para abastecer o fogão e  aquecer a casa nos dias de inverno. Estes “nós” ficam onde há os galhos.

pinos

– O distrito de Silveira parece com uma cidadezinha dos filmes de faroeste.

silveira

silveira

Ligação histórica com o Planalto Serrano

Nova Veneza faz divisa com o Rio Grande do Sul,  mais precisamente com o município de São José dos Ausentes, e há várias décadas tem forte ligação econômica e histórico-cultural com o planalto serrano, inclusive com os municípios catarinenses de Bom Jardim da Serra e São Joaquim que fazem divisa com o município gaúcho de São José dos Ausentes.

Havia forte comércio entre as duas regiões, principalmente no setor agro-pecuário.  Frutas, queijo, charque entre outros produtos eram os mais comercializados. Daqui da nossa região eles levavam produtos industrializados e alguns mantimentos. Um acesso bastante usado entre as duas regiões era a serra de São Bento, mais conhecida como rota dos “tropeiros”, em  Siderópolis.

Outro acesso continua sendo pela estrada da Serra da Rocinha, em Timbé do Sul. Quando encerrou a extração do pinheiro e a pecuária passou por uma crise,  muitos moradores daquela região vieram para Nova Veneza e demais municípios dos arredores. Nosso município há várias décadas abriga muitas famílias oriundas do planalto serrano e junto com eles vieram os costumes como as lidas de campo e o rodeio.

Nova Veneza tem o seu CTG, denominado Fronteira da Serra, que é uma homenagem ao fato de estarmos localizados nas proximidades das encostas da serra.  A vida simples, o contato com a natureza, e o clima também sempre despertaram um  certo fascínio por parte dos neovenezianos pela serra. Isso ainda perdura nos dias de hoje. Há muitas pessoas daqui que tem propriedade por lá para as férias ou descansar nos finais de semana.

Recentemente um grupo de 15 pessoas adquiriu uma área em Bom Jardim da Serra para construir um condomínio fechado que poderá ser denominado “Venèssia serrana”. O linguajar serrano faz parte do idioma local e o gosto pelos ritmos gauchescos também faz parte do repertório musical. O Bairro Bortolotto é o local que abriga muitas famílias oriundas da serra.

Quando chegaram as primeiras  famílias há mais de trinta anos, elas fixaram residência no Bairro Brasília, na entrada da cidade. Nova Veneza foi atraindo moradores da serra porque oferecia mais empregos, e assim foram chegando mais familiares destes pioneiros

ligacao-historica

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Vida de tropeiro  – Parte 1

CASAL DE TROPEIROS, TIO LILÔ E  ELMIRA, SÃO MEMÓRIAS VIVAS DO TROPEIRISMO SULINO

Quando o assunto é tropeirismo aqui em nossa região, uma das referências é o casal que mora na localidade de Faxinal Preto, município de São José dos Ausentes (RS), nos campos de cima da serra. Tio Lilô como é conhecido e sua esposa Elmira trouxeram muito gado e porcos da serra para Nova Veneza e demais municípios da região.

Eles criaram a família com este árduo trabalho, e são incontáveis às noites gélidas que enfrentaram para conduzir as tropas. Elmira  lembra de  um episódio ocorrido depois de uma forte chuva, nas encostas da serra, a água subiu e ao atravessar caiu na água, sendo salva porque jogaram o laço para ela se segurar.

“Foi uma vida de muito trabalho, passávamos frio, enfrentamos chuva e  todo o tipo de dificuldade para realizar este trabalho,” comenta. O Tio Lilô hoje tem mais de 80 anos se trata de doença ocular e tem dificuldades de visão  mas lembra de tudo o que enfrentou em tantos anos de tropeirismo. O principal roteiro deles era a serra de São Bento, que chegava  no  Costão da Serra,  em São Pedro, Siderópolis.

As paradas durante o trajeto eram em vários locais onde acampavam para se alimentarem e descansar. “Nossa comida era um revirado de carne, café e pão”, lembra. Tio Lilô e Elmira trabalharam muitos anos para o frigorífico dos sócios Vitor Gava e Angelim Spillere, os quais conservam uma forte amizade até hoje. A casa de Vitor Gava no Faxinal fica próxima à casa de Lilô. Na inauguração do frigorífico em Nova Veneza há mais de 37 anos, Lilô levou uma tropa de 165 animais. “Naquele dia, nasceu o Daniel, neto de Angelim”, lembra.

casal-tropeiros

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“Pouso” embaixo da Serra

Quando as tropas chegavam no Costão da Serra, Joaquim Lorenzoni recepcionava os tropeiros e ajudava a colocar o gado na mangueira que ficava em sua propriedade. Ali o grupo de tropeiros descansava e se alimentava. Os clientes de toda a região iam buscar o gado de caminhão no local. Lorenzoni conhece o  acesso à serra como ninguém e até hoje aos 80 anos mantém o acesso limpo. Ele já fez esse trabalho pela prefeitura de Siderópolis agora faz para a FATMA. Ele e o Lilô ficaram amigos e até hoje conservam esta forte amizade. “ Em breve pretendo ir no Faxinal conversar com ele”, disse. Ele vai a cavalo pelo serra de São Bento também conhecida como  rota dos tropeiros.

joaquim

 “Ausentes” no nome do município chama a atenção do Brasil

Chama a atenção o nome São José “dos Ausentes” (RS) que é uma homenagem ao padroeiro São José,  e Ausentes se refere ao fato histórico que por duas vezes durante o século XVIII os primeiros donos nunca terem assumido e a fazenda foi por duas vezes leiloada, por abandono de seus proprietários ou na existência  de seus sucessores.

Os últimos arrematadores foram três paulistas; sendo eles: Padre Bernardo Lopez da Silva, Tenente José Pereira da Silva e Manoel José Leão. Depois de três anos venderam ao português Antônio Manoel Velho, que estava se fixando em Laguna. O início do desbravamento da Fazenda dos Ausentes  foi no ano de 1719. Historicamente o maior latifúndio do Rio Grande do Sul. Duas povoações surgiram no velho latifúndio: São José dos Ausentes e Vila Silveira. Neste imenso latifúndio vagavam milhares de bovinos, praticamente bravios,  além de cavalos e muares.

Da primitiva estrada dos tropeiros ficaram os vestígios inapagáveis dos colossais mangueirões de pedras, que tem mais de 200 anos e devem ser consideradas as mais antigas construções do Rio Grande do Sul. Os mangueirões das fazendas Pousada dos Ausentes, do Silveira, Boa Vista, Chapadão,  e São Bento que fica em Santa Catarina.

As três sesmarias conhecidas como a dos Ausentes, abrangia uma área de 1.296.336.900 metros quadrados. Por volta de 1925 a sede da fazenda ficou para um dos herdeiros Dionísio Joaquim Velho. Atualmente Dalvone Borges Velho, um dos herdeiros (quinta geração) mantém as porteiras abertas ao turismo rural na antiga sede da Fazenda dos Ausentes. ( Historiadores Artur Ferreira Filho e Sebastião Fonseca de Oliveira).

ausentes

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Há vilarejos na Serra que parece que o tempo não passou

O clima serrano, a beleza dos campos infinitos e verdejantes , a vida junto à natureza selvagem e exuberante, as lendas e histórias, o linguajar, os costumes, a simplicidade das pessoas,  o cavalo ainda como meio de transporte, a imponência e o charme da mata araucária, a comida típica, a neve, a maçã, o chimarrão, os cânions, a hospitalidade, o fogão à lenha, o frio rigoroso, as cachoeiras, o vinho, o turismo rural, cavalgadas, entre tantas outras características sempre fascinou quem mora “serra-baixo” como eles dizem.

Nova Veneza sempre teve uma forte ligação com o planalto serrano, inclusive faz divisa com São José dos Ausentes, e em Siderópolis tem a serra de São Bento por onde traziam o gado. Aqui foi uma referência para os tropeiros e hoje muita gente daquela região se radicou por aqui. Quando vou para a serra aproveito também para fazer material fotográfico e pesquisar algo conversando com as pessoas. A serra me encanta, é algo inexplicável, ou melhor,  bem explicável pois 50% do meu sangue é serrano.

vilarejos

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As localidades de Faxinal Preto, Silveira e Lajeadinho continuam com as mesmas características há várias décadas.

Domingos Pereira, é um dos personagens desta rica história dos tropeiros. Ele é proprietário da Pousada do Monte Negro. Pereira conhece muitos comerciantes de Nova Veneza e região pois  trazia gado para muitos deles. Ele tem muitas histórias para contar sobre este trabalho que movimentava a economia regional.
Domingos Pereira, é um dos personagens desta rica história dos tropeiros. Ele é proprietário da Pousada do Monte Negro. Pereira conhece muitos comerciantes de Nova Veneza e região pois  trazia gado para muitos deles. Ele tem muitas histórias para contar sobre este trabalho que movimentava a economia regional.

Vitor Gava é uma das pessoas que mais conhece a história do tropeirismo do sul  pois viveu isso.  Há várias décadas ele tem sítio no Faxinal Preto, onde cria gado. Além disso, Gava, semanalmente sobe a serra pela Rocinha. Enquanto muitos moradores desciam para Nova Veneza e  região , ele conhece todas as localidades. “Aquelas localidades eram bem maiores do que são hoje, na época das madeireiras tinha emprego, quando a extração do pinheiro acabou eles tiveram que ir para um lugar que oferecesse emprego”, comentou. Das pessoas que  conheço, o “Tio Vito”, é o que mais gosta da serra. Ele é o neoveneziano mais “serrano” que tem por aqui.
Vitor Gava é uma das pessoas que mais conhece a história do tropeirismo do sul  pois viveu isso.  Há várias décadas ele tem sítio no Faxinal Preto, onde cria gado. Além disso, Gava, semanalmente sobe a serra pela Rocinha. Enquanto muitos moradores desciam para Nova Veneza e  região , ele conhece todas as localidades. “Aquelas localidades eram bem maiores do que são hoje, na época das madeireiras tinha emprego, quando a extração do pinheiro acabou eles tiveram que ir para um lugar que oferecesse emprego”, comentou. Das pessoas que  conheço, o “Tio Vito”, é o que mais gosta da serra. Ele é o neoveneziano mais “serrano” que tem por aqui.

Angelim Spillere e Vitor Gava foram sócios do frigorífico e compravam gado na serra que era trazido pela rota dos tropeiros conduzidos pelo Tio Lilô e sua equipe. Spillere acompanhou parte desta história. Vivenciou este momento marcante desta ligação histórica de Nova Veneza com a serra.  Nesta foto está com o neto Matheus na confraternização no Faxinal Preto no ano passado. Meses depois ele sofreu um AVC e está se recuperando.
Angelim Spillere e Vitor Gava foram sócios do frigorífico e compravam gado na serra que era trazido pela rota dos tropeiros conduzidos pelo Tio Lilô e sua equipe. Spillere acompanhou parte desta história. Vivenciou este momento marcante desta ligação histórica de Nova Veneza com a serra.  Nesta foto está com o neto Matheus na confraternização no Faxinal Preto no ano passado. Meses depois ele sofreu um AVC e está se recuperando.

Este corredor é para conduzir o gado na região e evitar danificar as pastagens.
Este corredor é para conduzir o gado na região e evitar danificar as pastagens.

Lajeadinho

Na localidade de Lajeadinho, próximo ao Faxinal Preto, conversei com o pecuarista e o mais antigo morador do vilarejo, que é o Sr.  Viriato Vieira, 90 anos. Ele foi o primeiro vice-prefeito de São José dos Ausentes, tem familiares em Nova Veneza. Quando vinha a Nova Veneza, Viriato  era recebido pelos políticos locais num jantar formal.

viriato

Nas ruas

Na chegada em Rio Cedro Médio há a oficina de tratores  do “Peludo” que é bastante requisitado pelos agricultores locais. Eu diria que este nome comercialmente é inusitado e deve ser o apelido do proprietário. Há um detalhe em termos ortográficos; a palavra “máquina” é proparoxítona e deve ser acentuada na primeira sílaba.
Na chegada em Rio Cedro Médio há a oficina de tratores  do “Peludo” que é bastante requisitado pelos agricultores locais. Eu diria que este nome comercialmente é inusitado e deve ser o apelido do proprietário. Há um detalhe em termos ortográficos; a palavra “máquina” é proparoxítona e deve ser acentuada na primeira sílaba.

Numa charmosa localidade de nosso município em frente a uma bela casa há um recado bem direto: “não sentar no cano.” Certamente ali virou um ponto de encontro da rapaziada  mas tirou o sossego do casal proprietário.
Numa charmosa localidade de nosso município em frente a uma bela casa há um recado bem direto: “não sentar no cano.” Certamente ali virou um ponto de encontro da rapaziada  mas tirou o sossego do casal proprietário.

Nova Veneza tornou-se “internacional”  portanto  uma placa escrita em língua portuguesa e inglesa  está adequada. Vivemos num num mundo cosmopolita.
Nova Veneza tornou-se “internacional”  portanto uma placa escrita em língua portuguesa e inglesa está adequada. Vivemos num num mundo cosmopolita.

Quem fez esta placa de trânsito deveria dar uma conferida no dicionário porque “jardim” é com “m” e não como está na placa com “n”.
Quem fez esta placa de trânsito deveria dar uma conferida no dicionário porque “jardim” é com “m” e não como está na placa com “n”.