Efeito Coronavírus: muitas mortes, muitas perdas

O efeito devastador da pandemia do Coronavírus no mundo será sentido por longo tempo em duas frentes: a primeira e mais grave refere-se às mortes das pessoas infectadas. Serão milhares, talvez milhões de mortos pelo mundo.

Tudo vai depender da velocidade com que os governos implementem as medidas necessárias para controlar a evolução do número de infectados e do volume de recursos financeiros que serão aplicados na contenção da pandemia.

As previsões sobre o número de infectados no Brasil diferem segundo as fontes, mas é certo que o número passará de 100 mil infectados. Conforme o Epidemiologista Paulo Massad, este número será atingido caso cada contaminado pelo vírus contaminar apenas mais 1 pessoa.

Porém, como a média de infecção é em torno de 6, o número potencial de infectados poderá será maior. Segundo a startup SCICognos, que desenvolveu um sistema que contabiliza o número de infectados e mortos no mundo até hoje, 24 de março, já são 374,5 mil infectados, 16,3 mil mortos e 101,5 mil recuperados.

A segunda frente refere-se aos danos econômicos-financeiros imputados nas atividades econômicas praticamente em todos os países do mundo. A Diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) Kristalina Georgieva disse hoje, 23 de março na reunião com os Ministros de Finanças e os presidentes dos Bancos Centrais dos países do G20, que a pandemia do Coronavírus pode ter efeitos econômicos mais severos que a crise de 2008/2009, mas que espera uma recuperação já no ano de 2021. “Os custos humanos da pandemia já são imensuráveis e todos os países devem trabalhar juntos para proteger as pessoas e limitar os danos econômicos”, afirmou ela sobre o encontro. Na nota, o FMI diz apoiar as medidas fiscais extraordinárias anunciadas por vários países para ajudar os sistemas públicos de saúde e proteger empresas e trabalhadores afetados pela pandemia. Enfim, a economia global deve ser fortemente atingida durante este ano de 2020 e poderá ocorrer uma recessão global.

A entidade também viu como positivas as decisões dos bancos centrais para flexibilizar políticas monetárias para auxiliar na mitigação dos impactos econômicos da covid-19, as quais visam manter a estabilidade do sistema bancário e dar apoio à retomada do crescimento da economia de seus países. E como diziam nossos antepassados, vamos rezar e acreditar em dias melhores, pois certamente eles virão.

Crescimento da economia, inflação, câmbio, juros e comodities

O Governo Brasileiro reduziu a previsão de crescimento do PIB 2020 de 2,1% para 0,02%. A queda é consequência da pandemia do Coronavírus na economia Brasileira. Segundo fontes do Governo, a medida que seja necessário, o número pode ser revisto para mais ou para menos.

Já o Centro de Macroeconomia Aplicada da Fundação Getúlio Vargas estimou em estudo uma possível queda de até 4,4% no PIB Brasileiro, levando-o para até -2,0%. Os bancos JP Morgan e Goldman Sachs também passaram a prever contração da economia brasileira neste ano. O JP Morgan projeta declínio de 1% no PIB em 2020, ante expectativa anterior de crescimento de 1,6%. O Goldman Sachs cortou sua projeção, de expansão de 1,5% para contração de 0,9%.

A inflação prevista pela equipe econômica é de 3,05% contra a previsão anterior de 3,12%. A taxa de câmbio esperada para o dólar é de 4,35 reais por dólar. A taxa SELIC também caiu.  O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu, nesta quarta-feira, 18, cortar a taxa básica de juro da economia de 4,25% para 3,75% ao ano — o menor patamar histórico. A redução está em linha com o que era esperado pelo mercado. Trata-se do 14o corte na Selic desde que a taxa atingiu o pico de 14,25% ao ano em julho de 2015. O preço médio do petróleo caiu de 52,70 dólares na semana passada para 41,87 dólares nesta semana.

Mutuários do Crédito Imobiliário ou de financiamento de veículos podem pedir pausa do pagamento de até 2 parcelas

Todos os mutuários de financiamentos imobiliários ou de veículos que tiverem dificuldades em realizar o pagamento das prestações nos próximos 2 meses podem pedir a prorrogação destas parcelas. Elas serão acrescidas após a última parcela sem alteração na taxa ou multas. Para obter a prorrogação, o mutuário pode dirigir-se ao banco onde financiou ou por meio dos canais eletrônicos, como o internet banking e a central de atendimento telefônica, como forma de prevenção contra o coronavírus.

A única exigência é que as prestações do crédito estejam em dia. A exceção é na Caixa, onde financiamentos com até duas prestações em atraso também podem ser pausados. Durante o período de pausa será mantida a mesma taxa de juros, sem a cobrança de multa. As parcelas não serão encavaladas: o cliente fica dois meses sem pagar e depois o pagamento da prestação volta ao normal, com a adição dos meses que não foram pagos no final do financiamento.

Como solicitar a pausa temporária do pagamento?

A pausa de 2 meses vale para contratos habitacionais pessoa física ou jurídica, desde que o cliente não esteja utilizando o FGTS para pagamento das prestações mensais. Após o pedido, o banco tem até 48 horas para efetivá-lo. Estas condições valem também para clientes que possuem operação de Home Equity – Crédito Imóvel Próprio.

Nesse caso, é necessário já ter pago ao menos 11 parcelas. O serviço de pausa estendida, que está sendo oferecido em caráter emergencial pode ser acessado através do Aplicativo Habitação Caixa, pelo WhatsApp (telefone 0800-726 8068), ou ainda pelo Telesserviço (telefones 3004-1105 para capitais ou 0800-726 0505 para demais cidades, opção 7 da URA), de segunda a sexta feira, das 8h às 20h, exclusivamente para contratos com Pessoas Físicas.

No caso do app, é necessário a atualização da versão através da loja de aplicativos. Para os contratos habitacionais com pessoas jurídicas o cliente deverá entrar em contato com seu gerente para formalizar a solicitação.

Segue o passo a passo para acessar o serviço no aplicativo da Caixa:

• Acessar o aplicativo Habitação Caixa;
• Efetuar login;
• Acessar a aba Serviços;
• Clicar na opção Solicitar Pausa Emergencial;
• Ler as orientações e clicar em Próximo;
• Informar o número do celular e autorizar o banco a enviar SMS sobre a solicitação;
• Clicar em Solicitar Pausa.

No Itaú o pedido pode ser feito por meio das centrais de atendimento.

O Santander lançou um hotsite para orientar os clientes interessados em solicitar a prorrogação do vencimento de dívidas, em linha com a determinação do Conselho Monetário Nacional (CMN). O banco também ampliou, de forma automática, 10% o limite do cartão de crédito de todos os clientes adimplentes.

O Bradesco diz, em nota, que está à disposição para prorrogar por 60 dias as dívidas de operações em dia e utilizadas, sem dar mais detalhes.

Como manter a saúde financeira das famílias nos próximos meses?

Como se diz por aí, se conselho fosse bom ninguém dava. Porém, como educador financeiro, vou deixar alguns conselhos que podem ser úteis:

1 – Procure aumentar as receitas familiares. Use de sua criatividade para criar algum produto ou serviço que possa ser oferecido às pessoas.

2 – Preserve seu emprego com afinco após o término do isolamento social;

3 – Reveja seus hábitos de consumo, cortando o que não seja essencial;

4 – Converse com seus familiares sobre a necessidade de que todos estejam engajados neste processo de diminuição dos gastos;

6 – Procure adequar seu orçamento familiar na regra 40 – 30 – 30. Da receita total da família, gaste até 40% com as despesas fixas familiares. Até 30% com despesas eventuais, lazer, viagens, mas se for possível reduzir este percentual, reduza-o. Os 30% restantes devem ser investidos em ativos que permitam seu resgate em curto espaço de tempo caso surja alguma necessidade;

7 – Enquanto perdurar esta crise, evite fazer endividamento de longo prazo. Protele a compra de qualquer bem que não seja indispensável neste momento.

8 – Preserve suas reservas financeiras, pois não se sabe ao certo quanto tempo as medidas restritivas permanecerão em vigor e devemos lembrar que em momentos de crise o dinheiro é o bem mais escasso.

Estas dicas podem ser aplicadas durante toda nossas vidas e não apenas em momentos de crise. Que a duração da crise seja curta e que possamos todos tomar a normalidade de nossas vidas o mais breve possível.