Descarte inadequado de lixo e erosão do solo são exemplos de situações prejudiciais ao meio ambiente.

Por Francine Ferreira

As chuvas ocorridas nos últimos dias e semanas – constantemente registradas nessa temporada de verão – tem causado alagamentos em diversas cidades da região, muitas na área de abrangência do Comitê da Bacia do Rio Araranguá e Afluentes Catarinenses do Rio Mampituba. Principalmente em áreas urbanas, esses acúmulos de água podem ser potencializados por conta de ações do ser humano, que ainda descarta lixo em locais inadequados e provoca erosões no solo.

O professor de Hidrologia e doutor em Recursos Hídricos, Álvaro José Back, explica que, nas áreas urbanas, o descarte inadequado de lixo e a erosão do solo podem assorear a rede de drenagem, diminuindo a capacidade de vazão de bueiros, bocas de lobo e canais e, consequentemente, aumentado os alagamentos.

Além disso, nos adensamentos urbanos, a impermeabilização do solo também costuma influenciar. “A construção de vias, rodovias e calçadas, por exemplo, não deixando um grande espaço para a água infiltrar, faz com que ela escoe e ganhe velocidade, o que também contribuiu para os alagamentos”, completa o presidente do Comitê Araranguá, Luiz Leme.

“É importante ressaltar que, embora sejam fenômenos naturais, a ação humana pode potencializar seus efeitos. Assim, cada pessoa individualmente e principalmente as organizações da sociedade tem uma importante função de mitigar os impactos e reduzir os prejuízos”, alerta Back.

Nesse âmbito, torna-se importante o alerta, mais uma vez, para os princípios da educação ambiental. “Se as pessoas não jogarem o lixo nas ruas e, ao invés disso, descartarem de forma correta, esses materiais não se depositarão nos bueiros e obstruirão o escoamento superficial de água”, ressalta a assessora técnica do Comitê, engenheira ambiental Michele Pereira da Silva.

Ainda conforme o professor doutor, além do destino adequado para o lixo, outras medidas também podem diminuir a frequência e magnitude dos eventos extremos e seus danos. “Como a preservação das matas ciliares, a retirada de seixo ou sedimento dos rios somente com base em parâmetros e estudos técnicos, e a criação de Planos Diretores das cidades com zoneamento de áreas de risco de inundação”, exemplifica.

Qual a diferença entre enchente, inundação e alagamento?

Segundo Back, os termos ‘enchente, inundação e alagamento’, embora muitas vezes empregados como sinônimos, possuem conceitos diferentes. “A enchente ou cheia é a elevação do nível d’água de um curso d’água (rio), atingindo a cota máxima sem transbordamento. A inundação, por sua vez, é a elevação do nível d’água em que o volume não se limita à calha principal do rio e extravasa para áreas marginais, habitualmente não ocupadas pelas águas”, explica.

Já o alagamento, de acordo com o professor doutor, se refere ao acúmulo de água oriunda de uma chuva intensa em locais com problemas de drenagem. “Muito comum na nossa região, principalmente em área urbana, quando ocorrem as chuvas intensas no verão”, finaliza.