Como a legalização dos jogos no Brasil afeta a economia – Entenda

A discussão acerca da legalização dos jogos de azar no Brasil vem ganhando destaque, principalmente pelas projeções econômicas que indicam um potencial significativo para a movimentação financeira do país. Estima-se que, caso aprovada, essa legalização possa representar uma movimentação anual na casa dos R$ 55 bilhões, gerando uma arrecadação de aproximadamente R$ 16 bilhões aos cofres públicos.

Os debates no Congresso Nacional sobre a criação de um Marco Regulatório dos Jogos se intensificam. As propostas em pauta buscam legalizar uma gama diversificada de atividades, incluindo cassinos, casas de bingo, jogo do bicho, além de outras modalidades como as máquinas caça-níquéis e os jogos online, até então proibidos.

Ao longo de 70 anos, a legalização dos jogos permaneceu uma proibição no país. Entretanto, a atual crise econômica, marcada pelo aumento do desemprego e pelos déficits orçamentários em esferas governamentais, impulsiona a discussão sobre a legalização dos jogos de azar como uma possível solução para esses desafios.

Segundo o Instituto Jogo Legal, os jogos ilegais movimentam aproximadamente R$ 20 bilhões anualmente no Brasil. Com a legalização, a expectativa é de um crescimento exponencial nesse montante. Magno Santos de Sousa, presidente do instituto, sustenta a crença de que a legalização poderia triplicar essa movimentação, gerando um mercado de apostas em torno de R$ 55,2 bilhões, com uma arrecadação anual projetada em R$ 16,5 bilhões.

Contudo, os especialistas em cassinos online apontam que questões tributárias também emergem no debate sobre a legalização dos jogos de azar. As taxas e impostos a serem aplicados aos empresários do setor se tornam pontos centrais de discussão.

O projeto em análise no Senado estipula uma contribuição social baseada na receita bruta dos estabelecimentos, com alíquotas que variam entre 10% para casas de jogos e 20% para jogos online. Entretanto, existem preocupações sobre o impacto que alíquotas elevadas possam ter, exemplificado pelo caso da França, onde o fechamento de cassinos se seguiu à imposição de uma taxa de 2% sobre a receita bruta.

Os críticos da legalização questionam não apenas o potencial econômico, mas também a viabilidade do setor. O deputado Luiz Carlos Hauly, do PSDB do Paraná e economista, expressa ceticismo em relação à arrecadação proveniente dos jogos de azar, sugerindo que esta possa não alcançar metade do valor arrecadado pelas loterias. Ele advoga que a legalização trará consigo consequências adversas e não atingirá as metas de arrecadação esperadas.

Além disso, o Ministério Público levanta críticas à legalização dos jogos de azar. Peterson de Paula Pereira, secretário de Relações Internacionais da Procuradoria-Geral da República, argumenta que outras alternativas, como o combate ao contrabando, poderiam ter um impacto econômico mais significativo, gerando empregos de maneira mais efetiva do que a legalização dos jogos.

O relator da proposta, Guilherme Mussi, do PP de São Paulo, deve apresentar um relatório preliminar em breve na comissão especial da Câmara dos Deputados. Esse relatório dará continuidade às discussões sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil.

Ou seja, a potencial legalização dos jogos de azar no Brasil carrega consigo a possibilidade de movimentar volumes consideráveis de capital e gerar significativas receitas para os cofres públicos. Entretanto, as divergências persistem quanto ao seu impacto econômico real e à sua viabilidade. O debate continua no Congresso Nacional, onde as propostas estão sendo minuciosamente analisadas, buscando um consenso que defina o futuro dos jogos de azar no país.