Carta para o presidente

Prezado senhor futuro-presidente-do-Brasil, venho por meio desta carta lhe suplicar algumas coisas. Desculpe se estiver muitos erros de português, pois não consegui estudar porque tive que começar a trabalhar muito cedo para ajudar meu pai a por comida dentro de casa. Enfim, não sei quem você é e nem sei em que época está, porém, me senti no dever de te enviar esta carta.

Caro presidente, o senhor assumiu um país que, com certeza, está um caos e o senhor pode não saber bem por onde começar e, por isso, eu o compreendo. Isso já aconteceu com outros presidentes da minha época. Espero que, em primeiro lugar, o senhor não se corrompa, se isso já não aconteceu, visto que a corrupção tem levado nosso querido país à falência. Como pode, senhor presidente, um dos países mais ricos do mundo não ter dinheiro para investir em educação, saúde e segurança pública?

Se esta carta chegou ao senhor é porque já estou morto, ilustre presidente.  Não sei a causa, mas muito provavelmente por falta de saúde pública, pois não tenho dinheiro para pagar um plano de saúde e acabei morrendo na fila ou em uma maca no corredor de algum hospital público, como outras 500 mil pessoas que morrem todo ano por falha médica ou por falta de atendimentos pelo SUS. Talvez eu tenha perdido minha vida num assalto como outras 60 mil pessoas que morrem por ano de forma violenta, isso significa que a cada 9 minutos uma pessoa é morta. Morre mais gente no Brasil do que na guerra da Síria. Pode ser que eu tenha morrido de tanto trabalhar, pois esta aposentadoria demora a chegar e, quando chega, é gasto todo o dinheiro em remédios, estes que no postinho sempre estão em falta.

Pois bem, senhor presidente, entrei para a estatística, mas não espero que o senhor sinta pena por mim, sinta por quem ainda necessita lutar para viver. Há muitas pessoas morrendo de fome neste momento, senhor presidente, e você precisa fazer algo. Não seja mais um assassino como os outros, faça diferente. Como já disse no começo desta carta, não sei quem você é e talvez você já tenha sido presidente e me prejudicado com sua falta de interesse pelo povo brasileiro, mas saiba que você é responsável pela vida de muitas pessoas e, ao mesmo tempo, pela morte.

Neste momento que escrevo para o senhor, estou com fome e frio embaixo de um viaduto em São Paulo. Já perdi minha família inteira por todas estas causas que citei acima e não tenho mais esperança de vida.

Se o Brasil já se tornou um país de primeiro mundo com taxas de mortalidade muito baixa e o povo brasileiro saiu da miséria, por favor, desconsidere esta carta.

Ass.: um mendigo anônimo.

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