Brexit e Covid-19: os desafios da Europa em 2020

A União Europeia enfrenta um cenário delicado com a saída do Reino Unido e a escalada da pandemia de coronavírus

O ano de 2020 pode ficar marcado como o mais desafiador para a Europa nos últimos tempos.

Em janeiro, o Brexit (British exit), concretizou, finalmente, a saída do Reino Unido da União Europeia, imbróglio que já vinha sendo negociado desde o resultado do plebiscito de 2016. Na ocasião 52% dos britânicos mostraram-se favoráveis a esse divórcio.

Se não bastassem todas as implicações dessa intrincada cisão, veio a Covid-19 para complicar ainda mais a vida da Europa, que já conta com mais de 40 mil vítimas fatais da pandemia.

Este texto elenca dados sobre este cenário, que ainda está em desdobramento.

O que muda com o Brexit

O Reino Unido, que tem mais de 3.600 mortes por conta da doença enfrenta um duplo problema: manter as negociações do Brexit e concentrar os esforços para conter o avanço da pandemia na região.

O maior grupo político do Parlamento Europeu pressiona para prorrogar o prazo de transição do Brexit, que seria no último dia deste ano, visto que, agora, ambos os lados têm outra prioridade.

A decisão para a extensão do prazo para daqui um ou dois anos deve ser tomada até julho, mas por enquanto, não há interesse por parte do premiê do Reino Unido, Boris Johnson. Por sinal, ele é uma das pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus e ainda defende a saída da União Europeia a qualquer custo.

Por enquanto, o Brexit encontra-se em um período de transição. Significa que o Reino Unido continua a seguir todas as regras da União Europeia, sem alteração de sua relação comercial.

Essa situação será mantida, a princípio, por 11 meses. Esse tempo deverá ser suficiente para que os dois lados estabeleçam um novo acordo de livre comércio.

Como o Brexit implica na saída do Reino Unido da união aduaneira e do mercado único ao fim da transição, um acordo desse tipo irá permitir que as mercadorias circulem livremente pela União Europeia sem inspeções ou taxas extras. Essa era a previsão no começo do ano.

No entanto, o cenário mudou com países da Europa se tornando o novo epicentro da pandemia do novo coronavírus.

Bolsas em baixa

Desde que a Covid-19 foi identificado como um surto em uma região da China, as bolsas do mundo todo sentiram o impacto. O país asiático é segunda maior economia mundial e apontava como uma promessa de superar os EUA nos próximos anos.

Com a escalada da doença para o resto do mundo, configurando uma pandemia, a situação dos mercados internacionais se agravou e as bolsas de valores sentiram ainda mais o baque.

Na Europa, que atualmente concentra a maior parte dos casos da doença, as bolsas estão abrindo com fortes baixas, chegando a mais de 3%.

O motivo é que, com as pessoas isoladas em suas casas para conter a disseminação do vírus, o dinheiro não está circulando, impactando o Produto Interno Bruto (PIB) de todos os países.

Com o pânico instalado e o clima de incertezas provocado por esse novo cenário, os investidores tendem a tomar atitudes de aversão ao risco, investindo em ativos mais seguros, como o ouro.

Apesar do panorama caótico, as relações financeiras com os países europeus seguem permitidas, assim, com o auxílio da tecnologia, é possível fazer compras, vendas, transferências internacionais entre outras.

Medidas econômicas

Numa tentativa de proteger a economia dos países-membros da União Europeia, os ministros das Finanças aprovaram a suspensão de regras orçamentárias da União Europeia.

A medida é inédita no bloco Europeia e vai permitir que os países extrapolem gastos orçamentários para o combate do novo coronavírus sem serem penalizados. A regra para o déficit orçamentário é que não ultrapasse o teto máximo de 3% do PIB.

No final do mês de março, o Banco Central Europeu lançou um pacote de estímulos no valor de € 750 bilhões. A ideia é evitar que a crise abale a zona do Euro de forma drástica.

Na Itália, que já regista quase 120 mil casos e mais de 14 mil mortos, o governo local anunciou a suspensão do pagamento de hipotecas, auxílio financeiro às empresas prejudicadas, suspensão temporária de obrigações fiscais para pessoas físicas e jurídicas, subsídios aos desempregados, proibição de demissões por dois meses entre outros.

A Alemanha é o quarto país mais prejudicado pelo coronavírus dentro da União Europeia, com 73.522 casos confirmados e 872 mortes. O governo adotou um pacote de até € 750 bilhões para reduzir os danos causados pela crise. A expectativa é que o PIB caia cerca de 5% este ano.