Braulio Moraes Neto: Platão e a Alegoria da Caverna 

Muitos dos que lerem esse texto, já devem ter ouvido ou lido sobre o mito da caverna, ou alegoria da caverna, do filosofo Platão, contido no livro VII da obra “A República”. Platão argumenta, sobre o “mundo das idéias”, aquilo que é perfeito, aquilo que é “real”. No entanto, o que conseguimos perceber através dos cinco sentidos, Platão afirma ser falso, simplesmente uma cópia daquilo que é real, que existe no “mundo das idéias”.

Para tanto, Platão usou uma alegoria para explicar sua teoria. (No livro o diálogo se da entre dois personagens, Sócrates e Glauco). Resumidamente tentaremos explicar: imaginem-se desde criança, vivendo dentro de uma caverna, acorrentados de costas para a saída, de forma que poderiam apenas ver o fundo da mesma. No interior, uma fogueira faz com que o ambiente fique numa penumbra.

Como viviam ali o tempo todo de suas vidas, somente poderiam “enxergar” as sombras, os vultos, refletidos nas paredes, de tudo aquilo que acontecia fora da caverna, ou seja, num mundo ao qual não conseguiam entender. Tudo o que passava em frente da caverna, um homem, uma mulher, um animal, enfim, os aprisionados no interior só poderiam ver suas sombras, que por sua vez achavam que essas sombras se tratavam da realidade, pois não conheciam nada além das sombras refletidas nas paredes da caverna.

Não entrando no âmago da questão, ou, das várias interpretações que existem acerca dessa alegoria, iremos comentar algo sobre o assunto. A pergunta é simples. Em que estágio de nossas vidas estamos em relação à caverna e o mundo que existe fora dela? Estamos quietos dentro da caverna em nossa “zona de conforto” se contentando somente com as sombras?

Faço essa pergunta com o intuito de provocar uma reflexão. Muitos vivem uma vida inteira, sem ao menos se perguntarem, desconfiarem das coisas que os rodeiam. Filosofar é isso. Devemos analisar vários pontos de vista, correr atrás da verdade, (se é que existe uma), para não sermos facilmente conduzidos, enganados, iludidos por alguns segmentos da sociedade que preferem nos ver lá no fundo da caverna.

Sair da caverna, se soltar dos grilhões que nos aprisionam em busca de novos mundos, novas idéias, novas percepções, exige um pouco de esforço. E através da Educação (das mais variadas formas), penso ser um bom começo, pois o conhecimento deve ser buscado como um projeto de vida, assim como a conquista da casa própria por exemplo.

Mas na maioria das vezes é mais fácil nos acomodarmos, ficar no fundo da caverna, pois para isso não exige muito trabalho, basta seguir a opinião dos outros, sendo levado de um lado para outro, como um barco a deriva.

Vamos lá. Lançamos um desafio. Onde você quer ficar? Nas sombras vendo apenas os vultos? Ou enxergar tudo aquilo que a “luz da razão” pode nos proporcionar? Afinal, com disse Rosa de Luxenburgo, “Quem não se movimenta, não sente as correntes que o prendem” .