Sabem que durante muito tempo não havia a cobertura da imprensa, nas ocorrências nos sábados a noite. Não me perguntem o porquê disso, só sei que ninguém ficava sabendo, exceto nós, policiais, familiares e a galera dos hospitais.
As mais complicadas tinham uma rotina, de quinta-feira até ao domingo, a moçada gostava de dirigir e tomar um “trago”, e era ali que o bicho pegava …
Uma capotagem aqui, outra colisão ali, um choque numa árvore ou muro acolá, carro caído no rio logo depois, e era desta forma que iam se sucedendo as ocorrências de trânsito.
Até que um dia corpos viraram números, parecia estar vacinado contra qualquer sentimento ao ver o tombamento de pessoas em meio a guerra no trânsito.
E assim dias, meses, anos passaram-se, e em meio a incursão num veículo acidentado durante uma madrugada chuvosa, ao ligar a lanterna e ver jovens sem sinais vitais no interior … foi ai que me faltou coragem … um celular que estava dentro do carro começou a tocar sem parar, e na tela do aparelho aparecia a palavra mãe …
Por aí que comecei a entender o mundo, e as pessoas que vivem nele …
Se beber não dirija …
Eu sou Carlos Cypriano, especialista em Segurança Contra Incêndio e Pânico.