Um artefato de cerâmica encontrado no sítio arqueológico Aldeia da Ribanceira, entre a Praia do Porto e Garopaba, no município de Imbituba, está sendo remontado no Laboratório Conservação e Restauração (Lacor) do Museu ao Ar Livre Princesa Isabel (Malpi). O material, que é de origem Tupiguarani, chegou a Orleans na semana passada, e o Centro Universitário Barriga Verde (Unibave) está dando assessoria técnica na parte de conservação.
Conforme o arqueólogo, Alexandro Demathae, da Sapienza Arqueologia, a escavação foi numa área de 4,094 hectares, destinada à implantação do Loteamento Mirante da Baleia, localizado no bairro Vila Esperança. No local, foram encontrados mais de 4 mil fragmentos cerâmicos, mil fragmentos de material lítico (pedra lascada) e, ainda, 400 kg de sedimento que estão em análise. O trabalho já tem sete meses de duração, sendo dois meses de escavação e quatro de análise.
Os materiais são dos indígenas Tupiguarani, também conhecidos como “Carijós”, que tiveram contato com os colonizadores e habitaram a região a cerca de 500 até 100 anos atrás. A data do material está em análise, e para isso foram enviados sedimentos para Espanha para os testes de Carbono 14.
Segundo a arqueóloga da Sapienza Arqueologia, Luana Alves, ao contrário das maiorias dos sítios arqueológicos cerâmicos atribuídos à tradição Tupiguarani, que são ou foram mapeados em nosso litoral, o sítio Aldeia da Ribanceira é um sítio diferenciado. “Profundo e muito denso, surpresa, pois geralmente estes sítios são rasos, dificilmente encontramos artefatos a profundidades inferiores a 80 cm”, relata Luana.
O restaurador e museólogo do Malpi/Unibave, Idemar Ghizzo, explica que os fragmentos cerâmicos passaram por um tratamento de bordas para firmar e depois fazer a remontagem. “Para isso, utilizamos materiais inertes, removíveis, pois, se tiver necessidade de desmontagem ou fazer uma correção nesse trabalho, é possível. Por ser inerte, ele não prejudica a cerâmica. Tendo o objeto montado facilita a leitura de quem for olhar onde será exposta”, explica Idemar. A peça deve ser encaminhada ao Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (CEOM), em Chapecó.
A diretora do Museu ao Ar Livre, Valdirene Böger Dorigon, lembra da importância do trabalho de preservação do patrimônio cultural brasileiro. “Sobretudo esse, tem uma questão importante porque estamos trabalhando com os povos originários da região sul, que a gente ainda tem muito a descobrir. E a partir desses trabalhos, junto aos arqueólogos, é indispensável fazer um trabalho de pesquisa para entender melhor o objeto e sobre esses povos”, afirma a diretora, que ainda contou com o trabalho do também técnico do Unibave/Malpi Thyago Costa Medeiros.
Por Antônio Rozeng