Arte e tradição: Da cana de açúcar à famosa pinga

Por Tadeu Spilere-Nossa Gente

No Caravaggio, Valdenir Vitali mantém viva a tradição de produzir cachaça artesanal

Tudo começa de manhã cedo, com a colheita da cana de açúcar. Este é o primeiro passo para a produção da cachaça. Em Nova Veneza, quando se fala nesta bebida, muitos lembram da família Fenali, que há muitos anos se dedica à esta atividade, experiência que resulta em um produto de muita qualidade.

Hoje, quem mantém a tradição é Valdenir Vitali. Ele, que faz parte da quarta geração de produtores, aprendeu com o tio e se dedica diariamente à arte de fazer a famosa pinga, como é chamada. O aposentado explica que o processo não é complexo, mas exige atenção e dedicação.

Após a colheita da cana, ela é moída, seguindo a fase da fermentação. “Este é o momento em que é preciso estar mais atento, pois não pode passar do ponto. Demora uns dois dias para ficar pronto, mas quando está calor é um pouco mais rápido”, explica.

Depois, a última etapa é no alambique. Com o controle do fogo, a cachaça vai caindo aos poucos e praticamente pronta para ser consumida. É uma bebida para um público específico, já que o teor alcoólico é bastante alto. Porém, a famosa pinga conta com muitos seguidores, que buscam produto de qualidade para apreciar.

Vitali conta que há algumas variações, alguns ingredientes que podem ser adicionados após o processo todo. Mas a tradicional é a mais quista pelos apreciadores. “Outras coisa que influencia bastante é a qualidade da cana, quando mais doce ela for, melhor fica a cachaça”, ressalta.

Produz, mas não bebe

O mais interessante é que Vitali, apesar de produzir, não é um consumidor da cachaça

Vitali se dedica à produção da pinga há nove anos. O resultado vai para familiares e amigos que tradicionalmente apreciam a bebida. O alambique fica em um confortável barraco que é ponto de encontro para confraternizações. Apesar do contexto, o mais interessante é que Vitali garante que não bebe a cachaça.
“Não tomo nenhum gole. As pessoas fazem festa aqui, mas fico só na cervejinha mesmo. Às vezes trago alguma cobaia para experimentar. Meu filho, por exemplo, entende bastante”, conta ele.

A cachaça artesanal conta com bastante prestígio perante aqueles que apreciam. Em Nova Veneza, são poucos os que ainda se dedicam à atividade. No Caravaggio, Vitali pretende dar continuidade à tradição que iniciou com o bisavô.

Ele se diverte quando conta que a pinga já foi longe. “Tem uns conhecidos da serra que às vezes chegam para levar um pouco. Inclusive o dono de uma das pousadas onde está sendo filmada a nova novela da Rede Globo. Ele trouxe para nos mostrar uma foto dos atores bebendo”, afirma. “Outro caso é de quando o meu tio produzia. Uma vez o Lula, na época presidente, experimentou esta cachaça. Meu tio sempre contava esta história”, lembra Vitali de forma bem humorada.

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Fotos: Lucas Sabino
Fotos: Lucas Sabino

Fotos: Lucas Sabino
Fotos: Lucas Sabino

Fotos: Lucas Sabino
Fotos: Lucas Sabino