
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, nesta quinta-feira, 15, o primeiro foco do vírus da influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Brasil. A detecção ocorreu em um matrizeiro de aves comerciais no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul.
Trata-se do primeiro registro de IAAP em sistema de avicultura comercial no país, após anos de circulação do vírus em regiões da Ásia, África e Europa. Desde 2006, a gripe aviária tem afetado esses continentes, mas o Brasil, até então, permanecia livre de casos em granjas comerciais.
Segundo o Mapa, a doença não é transmitida pelo consumo de carne de aves e ovos, garantindo a segurança dos produtos inspecionados. A pasta reforça que o risco de infecção em humanos é baixo, sendo mais comum em tratadores ou pessoas que mantêm contato próximo com aves infectadas, vivas ou mortas.
Medidas de contenção
Após a confirmação do foco, as medidas de contenção e erradicação previstas no plano nacional de contingência foram iniciadas. O objetivo é controlar a disseminação do vírus, preservar a capacidade produtiva do setor e garantir o abastecimento seguro para a população.
Além disso, o Mapa comunicou oficialmente a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), os Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, e os parceiros comerciais do Brasil. As ações incluem ainda o monitoramento constante de aves silvestres, vigilância epidemiológica na avicultura comercial e de subsistência, treinamento de técnicos dos serviços veterinários e reforço nas barreiras sanitárias em pontos de entrada de animais no país.
Impactos nas exportações
A confirmação do caso em uma granja comercial brasileira gerou reações no mercado internacional. A China anunciou a suspensão da importação de carne de frango e produtos de aves do Brasil por pelo menos 60 dias. A medida segue o protocolo sanitário firmado entre os dois países, que determina a suspensão de importações de todo o território nacional em casos confirmados de gripe aviária.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, informou nesta sexta-feira, 16, que espera uma flexibilização do protocolo junto às autoridades sanitárias chinesas. Segundo ele, o Brasil já vinha negociando com a China uma revisão do acordo, para que, em caso de foco de gripe aviária, a suspensão ocorresse apenas em um raio de 10 km da região afetada — como já ocorre em países como Emirados Árabes, Reino Unido e Japão.
“A gente já vinha em tratativas com o órgão oficial sanitário chinês para revisão do protocolo, como conseguimos com os Emirados Árabes, Reino Unido e Japão. [O objetivo] era restringir a um raio de 10km a suspensão comercial, caso viesse a ocorrer algum caso [de gripe aviária]”, destacou Fávaro.