Amor italiano em Nova Veneza

20/03/2018 09:56

É bem conhecido que a Nova Veneza tem mais de 90% da população com ascendência italiana, porque foi a primeira colônia de imigrantes italianos instalada na república brasileira em 1891 e justamente por isso é que muitos locais acompanham as tradições e costumes italianas, às vezes incutindo a forma de amar.

Sobre as tradições e costumes italianos, o britânico William Shakespeare tem contado uma afamada e trágica história de amor de dois jovens, Romeu e Julieta.

Os primeiros italianos moradores da Nova Veneza, tinham um jeito de namorar muito diverso aos jovens da atualidade, por exemplo, há muito tempo eles conheciam os seus enamorados por meio de parentes comuns ou convites para festas e celebrações e trocavam cartas de amor que muitas vezes levam muito tempo para alcançar seus amores, provocando sofrimentos, mal-entendidos e muitas decepções. Hoje em dia, tudo é muito mais fácil através de aplicativos como o Badoo, que facilitam a comunicação dos amantes e permitem evitar tanto dramatismo, sem importar a distância nem os problemas cotidianos.

Mas tornando para a obra literária do Shakespeare, aquela história tem transcendido os livros e chegou aos teatros e cinemas de todo o mundo, mas segundo os historiadores, os personagens de Romeu e Julieta podem ter existido na realidade porque as famílias Montecchi e Capeletti foram já citadas por Dante Alighieri na “Divina Comédia” em 1472, 125 anos antes da primeira publicação da obra de Shakespeare, em 1597.

Dentro da Divina Comédia, as famílias Montecchi e Capeletti são mencionadas dentro dum exemplo das disputas políticas e comerciais que ocorreram na Itália da idade média é de acordo ao historiador Olin H. Moore, no seu livro A lenda de Romeu e Julieta, e a um estudo da Universidade Federal de Santa Catarina, essa referência serve como apelido para os partidos políticos italianos da época, os Gibelinos, que eram os que apoiavam ao imperador do Sacro Império Romano e os Guelfos, que apoiavam o poder absoluto do Papa.

Além disso, um escritor grego chamado Xenofonte de Éfeso, escreveu a tragédia Habrócomes e Antía no século II, que tem muitas semelhanças com a história narrada por Shakespeare. Na história do Xenofonte, a Antía é uma menina de 14 anos que conhece ao Habrócomes, um jovem de 16 anos no festival de Artemísia, e durante a narração da história de amor dos jovens, Xenofonte relata o passo deles pela Itália durante vários anos, os problemas acontecidos com piratas e os pensamentos de suicídio que passam pela mente dos protagonistas até que ao seu final retorno para o Éfeso, eles conseguem finalmente consumar o seu amor.

Foto: pixabay.com

Também antes do inglês, o italiano Matteo Bandello escreveu uma novela semelhante à do grego em 1554, a qual foi traduzida para o inglês. Em 1575, William Painter incluiu uma prosa dessa história do Matteo Bandello no seu livro The Palace of Pleasure, 22 anos antes da publicação da obra de Shakespeare. Foi então Shakespeare quem adaptou a tradução do Painter da obra de Bandello que foi provavelmente ouvida da antiga história narrada pelo grego Xenofonte.

Depois de tanta confusão com a história de amor dos antigos jovens italianos, no final do dia os atuais habitantes da Nova Veneza não tem porque sentir-se fora de lugar sobre a sua herança italiana, porque aquela mesma história de amor de Romeu e Julieta já foi adicionada das culturas grega, italiana e inglesa, mesmo como o Carnaval ao estilo Veneziano de Nova Veneza inclui também referências das tradições indígenas para contar essa história ao estilo brasileiro.

Redação Portal Veneza